Brasil

CAE e CCJ aprovam renegociação das dívidas dos Estados

Caso seja aprovado pelo plenário do Senado, medida reduzirá drasticamente as dívidas dos entes federados


	Visão aérea do Parque Ibirapuera, em São Paulo: com aprovação, cidade deverá baixar de R$ 100 bilhões para R$ 50 bilhões o principal da dívida
 (Divulgação/Turismo em São Paulo)

Visão aérea do Parque Ibirapuera, em São Paulo: com aprovação, cidade deverá baixar de R$ 100 bilhões para R$ 50 bilhões o principal da dívida (Divulgação/Turismo em São Paulo)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de abril de 2014 às 21h44.

Brasília - Em votação relâmpago, o projeto de renegociação das dívidas de Estados e municípios com a União foi aprovado em votação simbólica hoje nas comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Caso seja aprovado pelo plenário do Senado, reduzirá drasticamente as dívidas dos entes federados. São Paulo, por exemplo, deve baixar de R$ 100 bilhões para R$ 50 bilhões o principal da dívida, mas só a partir de 2027, calcula o secretário estadual de Fazenda, Andrea Calabi.

A aprovação colocou a equipe econômica numa situação delicada. Ficou mais difícil convencer o mercado financeiro da posição do governo contrária ao projeto quando sua aprovação nas duas comissões foi articulada por partidos da própria base aliada. Não houve surpresas. Desde a semana passada, líderes governistas já se movimentavam claramente pela aprovação.

Também não houve nenhuma reação forte da área econômica para barrar a votação. Da última vez que o Senado Federal tentou votar a matéria, em fevereiro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi pessoalmente ao Congresso negociar o adiamento da votação com os líderes da base, usando como argumento o fato de que a aprovação poderia levar ao rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor's.

Dessa vez, depois de o Brasil de fato ter sido rebaixado pela S&P, o ministro Mantega e o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, não fizeram o mesmo esforço para tentar impedir o Senado de dar mais um passo para concluir a votação do projeto.

Além de mudar o indexador das dívidas, o projeto muda em parte a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Atualmente, o governo precisa apontar as fontes de receita usadas para compensar a perda de arrecadação decorrente de eventuais desonerações. Com a mudança, o governo pode usar a margem excedente de arrecadação (acima das receitas estimadas no Orçamento), para fazer essa compensação, sem discriminar de onde exatamente promoverá o reequilíbrio.

O texto aprovado seguirá para o plenário do Senado, onde será mais complexa uma nova negociação para adiar a votação. A mudança interessa a políticos de vários partidos e dá fôlego às finanças públicas, principalmente da cidade de São Paulo, comandada pelo petista Fernando Haddad.

Os parlamentares concordaram com o parecer do senador Luiz Henrique (PMDB-SC) que não alterou o teor do texto aprovado pela Câmara dos Deputados. A decisão ocorreu no início da tarde, logo após a abertura da reunião. O presidente da CAE, Lindbergh Farias (PT-RJ), sugeriu que não fosse aprovado o requerimento de urgência para acelerar a votação da matéria em plenário. Dessa forma, os parlamentares vão discutir o melhor momento para analisar o projeto. Os governistas articulam reservadamente votar a proposta somente após as eleições. Se for aprovado em plenário do jeito que está, ele seguirá para sanção presidencial.

O secretário de Fazenda de São Paulo, Andrea Calabi, e os governadores de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), e de Alagoas, Teotônio Vilela (PSDB), do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), acompanharam a votação do projeto e declararam que a medida não acarretará um impacto imediato no pagamento do serviço dos débitos. "Nós pagamos exatamente o mesmo montante que pagaríamos no caso vigente", avaliou Calabi.

Segundo o secretário, um ponto polêmico do projeto é o desconto retroativo na dívida, que não estava na proposta enviada pelo governo ao Congresso e foi incluído na Câmara dos Deputados. Ele disse que São Paulo não entrará na briga para manter esse ponto, que, destacou, é importante para a prefeitura de São Paulo e os Estados de Alagoas e Rio Grande do Sul.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosDívida públicaPolítica fiscalPolítica no Brasil

Mais de Brasil

Lula anuncia pagamento do Pé-de-Meia e gratuidade dos 41 remédios do Farmácia Popular

Denúncia da PGR contra Bolsonaro apresenta ‘aparente articulação para golpe de Estado’, diz Barroso

Mudança em lei de concessões está próxima de ser fechada com o Congresso, diz Haddad

Governo de São Paulo inicia extinção da EMTU