(Buda Mendes/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 17 de agosto de 2025 às 09h38.
Com cerca de metade do tempo de mandato que tende a cumprir, o prefeito do Rio e virtual candidato a governador,
Eduardo Paes (PSD), reforçou o movimento de “transição” com o vice Eduardo Cavaliere (PSD), escolhido por ele como sucessor na prefeitura.
Nos últimos meses, o protagonismo do “prefeito-adjunto”, como alguns aliados chamam o vice, cresceu ainda mais com a linha de frente assumida no caso do Jaé, novo sistema de bilhetagem dos ônibus municipais, e o plano de relicitar os contratos e trocar a frota do modal.
Caso Paes confirme a candidatura, precisará deixar a prefeitura até abril do ano que vem. Com isso, teria pouco menos de oito meses à frente da gestão de agora em diante.
Outro momento marcante nas últimas semanas foi a apresentação do Planejamento Estratégico 2025-2028, documento com diretrizes para a cidade. No lançamento, Paes assumiu pela primeira vez, mesmo que de forma indireta, que pode deixar a prefeitura em 2026. Disse que Cavaliere, prestes a completar 31 anos, será o mais jovem prefeito da história do Rio.
Em vídeo sobre o Planejamento nas redes sociais, Paes promoveu ainda uma transição simbólica ao passar o documento de suas mãos para a do auxiliar e apontar que as metas estão sendo conduzidas “sob a liderança” do vice.
Antes, o jovem já havia assumido a missão de conceber o projeto da Força Municipal de Segurança Pública, que, depois de debates acalorados, vai ser um braço armado da Guarda Municipal com modelo diferente de contratação e treinamento. Trata-se de um gesto da prefeitura na área que mais preocupa cariocas e fluminenses.
Um aliado afirma que, neste mandato, Paes nem se mete em determinadas frentes de atuação. É Cavaliere quem toca, enquanto o prefeito monitora. Caso do Jaé, por exemplo, e da candidatura conjunta com Niterói para sediar os Jogos Pan-Americanos de 2031. Na semana passada, Paes só viajou ao Paraguai para participar da apresentação da candidatura porque Cavaliere estava na iminência de virar pai pela primeira vez.
A dianteira nesses projetos busca dar a Cavaliere, desde já, uma marca para chamar de sua quando assumir a cidade. Novo e com apenas uma eleição na bagagem antes da de vice-prefeito — foi eleito deputado estadual em 2022 —, o escolhido de Paes terá como desafio, em 2028, encabeçar a candidatura à reeleição e receber holofotes eleitorais pela primeira vez.
Prefeito em quarto mandato, Paes nunca tinha optado por um vice desse perfil. Nas outras gestões, colocou nomes que preenchiam algum tipo de configuração partidária, não alguém de seu núcleo duro.
Considerado um político de posturas parecidas com as do prefeito no modo de conduzir a máquina, Cavaliere é apontado por pessoas que trabalharam com ele como duro. É afeito a broncas e chega a emular a impaciência de Paes durante explicações de funcionários.
Com o protagonismo, o vice também passou a entrar na mira de adversários. Na Assembleia Legislativa, uma CPI que investiga as câmeras privadas nas ruas do Rio tenta explorar o elo entre ele e a empresa Gabriel, fundada por Cavaliere em 2019 junto com um amigo.
A fim de ingressar na política, contudo, Cavaliere deixou o projeto no ano seguinte, e um diretor da empresa disse à comissão que a Gabriel nunca se aproveitou do elo. Ao contrário, segundo ele: a empresa teria deixado de construir parcerias com o poder público para evitar o discurso de conflito de interesses.