Megaoperação no Rio de Janeiro resultou em 64 mortos nesta terça, 28 (Mauro Pimentel /AFP)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 28 de outubro de 2025 às 16h01.
Última atualização em 28 de outubro de 2025 às 18h04.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, definiu a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, deflagrada nesta terça-feira, 28, como a maior operação já realizada no Rio de Janeiro. Em coletiva de imprensa, o mandatário também disse que a ação foi dificultada pela "maldita" Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 635, conhecida como ADPF das Favelas. Até o momento, a operação já conta com 64 mortos e vias são fechadas por toda a capital fluminense.
"É uma investigação de mais de um ano. Foram mais de 60 dias de planejamento das polícias Civil e Militar, da Secretaria de Segurança Pública e do Ministério Público. É uma operação do Estado contra narcoterroristas", disse Castro durante uma entrevista coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, nesta terça-feira.
De acordo com o governador, a Operação Contenção tem "muito pouco a ver com segurança pública".
"É uma operação de defesa, um estado de defesa. É uma guerra que está passando os limites de onde o estado deveria estar sozinho defendendo. Para uma guerra dessa, que nada tem a ver com a segurança urbana, deveríamos ter um apoio muito maior e, talvez até, das Forças Armadas. É uma luta que já extrapolou toda a ideia de Segurança Pública e daquilo que está na Constituição Federal, quando você tem essa quantidade de armas que vem do tráfico internacional, essa quantidade de poder bélico que vem de um financiamento feito por lavagem de dinheiro. Não é mais só responsabilidade do estado", afirmou.
Cláudio Castro criticou a ADPF 635, afirmando que ela é responsável por dificultar o trabalho das forças policiais nos conjuntos de favelas no Rio de Janeiro.
"Nos solidarizamos com todas as famílias, estamos dando o atendimento e explicando a situação à população. Após cinco anos de ADPF, há muitas barricadas e dificuldades para a polícia entrar. Ainda são o que nós chamamos de filhotes dessa ADPF maldita. Infelizmente um partido político ingressou (com a ação) e prejudicou demais o Rio de Janeiro . Mas as polícias, com muita coragem, estão trabalhando desde cedo", afirmou o governador.
A ADPF das favelas foi um plano de redução da letalidade policial apresentado pelo Estado do Rio de Janeiro em 2020, época em que o estado era governado pelo PSB. A ADPF determinou restrições de operações em favelas do Rio durante a pandemia e tramitou por 5 anos.
O STF determinou em abril deste ano a elaboração de plano para retomar áreas ocupadas por organizações criminosas.
O governador do Rio de Janeiro também criticou o governo federal, afirmando ter tido falta de apoio da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Castro citou a negativa de blindados. O governo federal rebate a crítica.
"Na verdade, é um clamor por ajuda. As forças de segurança do Rio de Janeiro estão sozinhas", disse o mandatário.
Ele também atribui à política dificuldades no combate ao crime organizado.
"Não pode o policial bem treinado atirar da plataforma, mas pode o criminoso usar um drone com bomba. São essas idiossincrasias que a gente vê e, que, infelizmente, a tentativa de politização da segurança pública arrebenta sempre no lado do policial que está lá arriscando a sua vida", afirmou Castro.
Em nota, o governo estadual do Rio de Janeiro afirmou que, pelo terceiro ano consecutivo, o investimento destinado à segurança pública ultrapassa R$ 16 bilhões, o maior volume em mais de uma década.
Participam da operação desta terça-feira policiais militares do Comando de Operações Especiais (COE), de batalhões da capital e da Região Metropolitana, além de equipes da CORE e de todas as delegacias especializadas da Polícia Civil.
O aparato tecnológico inclui dois helicópteros, 32 blindados terrestres, drones, 12 veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM e ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro realiza, nesta terça-feira, 28, a maior ação integrada das forças de segurança dos últimos 15 anos. A Operação Contenção mobiliza mais de 2,5 mil policiais civis e militares nos complexos do Alemão e da Penha. O objetivo é capturar lideranças criminosas e conter a expansão territorial do Comando Vermelho. Até o momento, o balanço parcial registra 81 presos, 72 fuzis apreendidos e grande quantidade de drogas ainda em contabilização.
Deflagrada após mais de um ano de investigação e 60 dias de planejamento, a operação cumpre centenas de mandados de prisão e de busca e apreensão expedidos pela Justiça a partir de inquéritos da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). A ação conta com o apoio do Ministério Público Estadual e cumpre todas as medidas determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da ADPF 635, como o uso de câmeras operacionais corporais e apoio de ambulâncias na região.
"Estamos atuando com força máxima e de forma integrada para deixar claro que quem exerce o poder é o Estado. Os verdadeiros donos desses territórios são os cidadãos de bem, trabalhadores. Seguiremos firmes na luta contra o crime organizado. O que estamos enfrentando não é mais crime comum, é narcoterrorismo. Os criminosos estão usando tecnologia de guerra: drones, bombas e armamentos pesados. Mas o Estado está preparado", ressaltou o governador Cláudio Castro, durante entrevista coletiva realizada nesta manhã, no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC).
Participam da operação policiais militares do Comando de Operações Especiais (COE), de batalhões da capital e da Região Metropolitana, além de equipes da CORE e de todas as delegacias especializadas da Polícia Civil. O aparato tecnológico inclui dois helicópteros, 32 blindados terrestres, drones, 12 veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM e ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate.
O governador destacou que a política de segurança do Estado tem se baseado em investigação, integração e investimento. Pelo terceiro ano consecutivo, o Governo do Rio ultrapassa R$ 16 bilhões em recursos destinados à área, o maior volume em mais de uma década. Castro também elogiou a atuação das forças policiais e ressaltou que o planejamento da operação buscou minimizar o impacto sobre os moradores.
"Os confrontos acontecem majoritariamente em áreas de mata. Todo o planejamento foi feito para proteger vidas, atuando fora das regiões urbanas e reduzindo o risco para a população. Isso mostra o nível de responsabilidade e preparo das nossas forças", completou.
Para o governador, o momento exige união e maturidade nacional no enfrentamento ao crime organizado.
"Essa guerra não é só do Rio, é do Brasil. Nenhum Estado consegue vencer sozinho. O tráfico atua em todos os estados e tem poder econômico. Precisamos de um pacto nacional pela segurança pública, com apoio de todas as instituições, inclusive das Forças Armadas. Não é uma briga política. É um clamor em prol da segurança pública. O que existe, infelizmente, é a falta de priorização da segurança no cenário nacional. E quem sofre com isso é o cidadão", destacou.
A Operação Contenção segue em andamento. Todo o balanço de presos, apreensões, materiais recolhidos e demais resultados será apresentado ao término das ações.