Censo 2022: SP abrigava 8,6 milhões de pessoas nascidas em outras Unidades da Federação (Leandro Fonseca/Exame)
Agência de notícias
Publicado em 27 de junho de 2025 às 11h38.
Cerca de 29 milhões de brasileiros vivem atualmente em estados diferentes de seus locais de nascimento, segundo dados do Censo 2022, divulgados nesta sexta-feira, 27, pelo IBGE.
Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, historicamente destinos de migrantes internos, apresentaram saldos migratórios negativos. Já Santa Catarina, em movimento inédito, liderou o ranking nacional com o maior ganho populacional via migração entre 2017 e 2022.
O estado de São Paulo, que sempre se destacou como o principal polo de atração e redistribuição populacional do país, abrigava 8,6 milhões de pessoas nascidas em outras Unidades da Federação em 2022 – o maior número do Brasil. No entanto, entre 2017 e 2022, mais pessoas saíram do estado do que chegaram.
Nesse intervalo, 736 mil migrantes de outros estados se mudaram para São Paulo, mas 826 mil paulistas fizeram o caminho inverso, resultando em um saldo migratório negativo de 90 mil pessoas – o primeiro da história desde a introdução da métrica de “data fixa” nos censos, em 1991.
O Rio de Janeiro apresentou uma reversão ainda mais intensa. No mesmo período, o estado teve a maior perda populacional do país em números absolutos, com saldo migratório negativo de 165.360 pessoas — o equivalente a -1,03% da população residente em 1º de agosto de 2022.
A maioria dos fluminenses que deixaram o estado buscou destinos dentro da própria região Sudeste, principalmente São Paulo (21,4%), Minas Gerais (17,7%) e Espírito Santo (7,3%). A última vez que a unidade federativa viveu esse cenário foi em 1991, quando houve um saldo de -0,54% moradores.
O Distrito Federal também teve uma das maiores perdas de moradores do país, resultado de um saldo negativo de 99,6 mil pessoas. Foi também o único ente da Região Centro-Oeste a registrar mais saídas do que entradas em 2022.
A movimentação foi majoritariamente regional: quase metade dos emigrantes (48,5%) se mudou para Goiás, especialmente para cidades do entorno de Brasília. Outros destinos frequentes foram Minas Gerais (7,5%) e Bahia (6,6%), indicando também deslocamentos de média distância a partir da capital federal.
Na contramão, Santa Catarina destacou-se como o principal destino dos migrantes entre 2017 e 2022. O estado apresentou o maior saldo migratório e a maior taxa líquida de migração do país em 2022, com um ganho populacional de 354.350 pessoas – o que corresponde a 4,66% da sua população total. O fenômeno marca uma mudança significativa na dinâmica migratória brasileira.
Na Região Norte, os estados do Acre e do Amapá também apresentaram saldos migratórios negativos, com taxas de –2,86% e –2,40%, respectivamente. Por outro lado, o Tocantins foi o único estado nortista a registrar saldo positivo, destoando da tendência regional.
O quesito denominado de data fixa, presente nos censos demográficos desde 1991, indaga as pessoas, de cinco anos ou mais de idade, sobre o local de residência – município, Unidade da Federação ou país estrangeiro – exatos cinco anos antes da data de referência do censo.
Esse critério permite definir como migrante aquele que residia em localidades distintas nas duas datas, tornando a interpretação dos deslocamentos populacionais mais objetiva e padronizada. O Censo Demográfico 2022 analisou, portanto, os movimentos migratórios ocorridos nos exatos cinco anos entre 31 de julho de 2017 e 31 de julho de 2022.
Apesar das perdas, o estado de São Paulo desempenhou um papel central, tanto na atração, quanto na evasão de pessoas, consolidando-se como o principal polo de redistribuição populacional do país em 2022. Essa foi a Unidade da Federação com o maior volume de não naturais residindo em seu território: 8,6 milhões de pessoas. Por outro lado, 2,9 milhões de paulistas saíram de São Paulo e se encontravam residindo em outros estados.
Goiás é o segundo estado com o maior volume de não naturais residentes (2,0 milhões de pessoas), enquanto 753 mil naturais de Goiás residem em outras Unidades da Federação. Do ponto de vista das Unidades da Federação que mais perderam naturais ao longo da história, estão Bahia e Minas Gerais, com volumes de 3,4 e 3,5 milhões de pessoas, respectivamente.
O Censo Demográfico de 2022 analisou três aspectos da migração: o local de nascimento; o local da última residência considerando o tempo ininterrupto de residência atual; e o município, unidade da federação ou país estrangeiro onde o indivíduo residia cinco anos antes da data de referência do levantamento.
O estudo da migração sofreu algumas mudanças entre os Censos Demográficos de 2010 e 2022. No primeiro, era possível estimar o tempo de residência na Unidade da Federação, o que permitia quantificar e identificar deslocamentos com base no lugar de última residência nos últimos dez anos.
Já no Censo Demográfico de 2022, esse quesito deixou de ser investigado para as Unidades da Federação, restringindo essa análise dos deslocamentos ao nível municipal. Além disso, outra mudança significativa foi a ausência de informações sobre emigração internacional, pessoas que saíram do Brasil para residir em outro país. Foram captados pelo estudo apenas dados referentes aos imigrantes internacionais (estrangeiros que residiam no país, na data de referência do Censo Demográfico 2022).