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Publicado em 10 de setembro de 2025 às 05h51.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quarta-feira, 10, às 9h, o julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus acusados de tentativa de golpe de Estado em 2022.
Este é o quarto dia do julgamento, que tem sessões até sexta-feira. Esta semana será crucial, pois os ministros começarão a decidir pela condenação ou absolvição dos acusados. Caso haja condenação, também será definida a pena de cada réu.
Na terça-feira, Alexandre de Moraes, relator da ação, e Flávio Dino votaram pela condenação de todos os réus. O julgamento está 2 a 0.
A expectativa é para o voto do ministro Luiz Fux. O magistrado disse na sessão de terça-feira que o seu voto será extenso e reforçou o acordo feito entre os ministros de não ser interrompido. A fala de Fux deve tomar toda sessão desta quarta, marcada para terminar às 12h.
Fux deve apresentar divergências em relação ao voto de Moraes. Embora tenha acompanhado o relator nas condenações do 8 de Janeiro, o ministro tem se colocado como contraponto em alguns pontos, principalmente sobre fixação de penas e a validade da colaboração premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
Nos últimos meses, Fux defendeu que os réus devem ser condenados apenas por tentativa de golpe de Estado, sem acúmulo com o crime de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, o que poderia reduzir a pena final.
O julgamento de Bolsonaro e outros sete réus será transmitido ao vivo pela TV Justiça e no canal do STF do YouTube
Segundo a Procuradoria-Geral da República, uma organização estava "enraizada na própria estrutura do Estado e com forte influência de setores militares", e se "desenvolveu em ordem hierárquica e com divisão das tarefas preponderantes entre seus integrantes".
A acusação afirma que os delitos descritos não são de ocorrência instantânea, mas se desenrolam em cadeia de acontecimentos, alguns com mais marcante visibilidade do que outros, sempre articulados ao mesmo objetivo – o de a organização, tendo à frente o então presidente da República Jair Bolsonaro, não deixar o Poder, ou a ele retornar, pela força, ameaçada ou exercida, contrariando o resultado apurado da vontade popular nas urnas.
Entre os fatos revelados pelos investigadores está o plano "Punhal Verde e Amarelo", uma trama para assassinar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Os ministros podem concluir pela absolvição ou condenação dos réus:
Caso a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal aplique as penas máximas dos cinco crimes citados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro poderá ser condenado por até 43 anos de prisão.
A maioria para absolver ou condenar é alcançada com 3 dos 5 votos. Pela ordem de votação, a decisão poderá ocorrer no voto da ministra Cármen Lúcia.
A eventual prisão dos réus que forem condenados não vai ocorrer de forma automática após o julgamento e só poderá ser efetivada após julgamento dos recursos contra a condenação.
Em caso de condenação, os réus devem ficar em alas especiais de presídios ou nas dependências das Forças Armadas.
Oficiais do Exército têm direito à prisão especial, de acordo com o Código de Processo Penal (CPP). O núcleo 1 tem cinco militares do Exército, um da Marinha e dois delegados da Polícia Federal, que também podem ser beneficiados pela restrição.