Brasil

Comissão anticorrupção pode antecipar posição sobre caixa 2

As decisões são reação à tentativa do plenário de votar PL sobre regras para eleições, com a emenda que anistiaria quem incorreu na prática em anos anteriores


	Onyx Lorenzoni (DEM-RS): “É evidente que esta reformulação do caixa 2, tal como propôs o MPF, é fundamental”
 (Divulgação/ Onyx Lorenzoni)

Onyx Lorenzoni (DEM-RS): “É evidente que esta reformulação do caixa 2, tal como propôs o MPF, é fundamental” (Divulgação/ Onyx Lorenzoni)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2016 às 11h51.

A comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa o projeto que trata das dez medidas de combate à corrupção vai tentar antecipar um posicionamento sobre a criminalização do caixa 2 nas campanhas eleitorais e pode apresentar uma proposta ainda nas primeiras semanas de outubro.

O relator, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), anunciou - na sessão do colegiado de hoje (20) - que vai dedicar, pelo menos dois dias de trabalho, a ouvir sobre o tema depoimentos de ex-ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e advogados.

As decisões foram tomadas em reação à tentativa, na noite de ontem, do plenário votar o projeto de lei (PL) 1210/2007, que trata de regras para eleições, com a emenda que criminaliza o caixa 2 que anistiaria quem incorreu na prática em anos anteriores.

Relatório deve ser concluído em outubro

“Esse tema é extremamente sensível e tem que estar no bojo das dez medidas. O relatório [da comissão especial] estará pronto na última semana de outubro para ser votado na primeira semana de novembro e estar no plenário até o final do mês”, lembrou Lorenzoni.

O parlamentar, declarando o alívio de “hoje não ter que amargar a tristeza de ver o parlamento cometer mais um equívoco”, com a suspensão da votação de ontem, sinalizou que as oitivas específicas sobre o caixa 2 podem ocorrer na primeira semana de outubro.

“Estamos com o calendário em dia”, afirmou, lembrando que quase 60 pessoas já foram ouvidas pelo colegiado.

Defensor de que o tema tenha um encaminhamento rápido, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) avaliou que a sessão de ontem deixou claro que o debate sobre a criminalização do caixa 2 precisa ser feito às claras e que, segundo ele, a melhor proposta continua sendo a enviada pelo Ministério Público Federal (MPF).

“O melhor texto é o enviado pelos procuradores, que são os operadores do problema. Eles sabem mais do que ninguém onde está o problema”, afirmou.

Ao longo dos depoimentos tomados pela comissão, diversos especialistas alertaram que, apesar dos alarmes sobre o volume de ocorrência da prática de caixa 2 no país, nos últimos dez anos, há apenas uma condenação pelo crime julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

“É evidente que esta reformulação do caixa 2, tal como propôs o MPF, é fundamental”, disse, alertando ainda que qualquer norma de natureza penal só pode valer para frente e não poderia retroagir a ocorrências anteriores.

O presidente da comissão especial, deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA), exaltado pelos colegas do colegiado como um dos principais responsáveis pela suspensão da votação da proposta paralela na noite de ontem, voltou a atacar a iniciativa.

Deputado denuncia golpe

Segundo ele, se algo pode ser classificado de “golpe é o que ocorreu ontem”, disse. “A gente espera que não aconteça mais e que o trabalho das comissões seja tratado com o respeito que merece. Ai, sim, este golpe. Se esta palavra pode existir ela existiria ontem”, afirmou.

Um dos convidados da comissão para a sessão de hoje (20), Lucas Rocha Furtado, subprocurador-geral do Tribunal de Contas da União (TCU), engrossou os ataques à sessão de ontem.

“A corrupção é um processo que tem origem no enriquecimento ilegal de campanha. Todo o trabalho dessa comissão é voltado para combater a chaga da corrupção. A tentativa de ontem caminha no sentido oposto”, afirmou. Furtado ainda alertou que, enquanto o crime é organizado, o “Estado é totalmente desorganizado”.

Acompanhe tudo sobre:Política no BrasilCorrupçãoEscândalosFraudesCâmara dos DeputadosEleiçõesTSE

Mais de Brasil

Lula veta mudanças na Lei da Ficha Limpa que reduziam tempo de inelegibilidade

Governo de SP investiga venda de bebidas adulteradas em bares na Mooca e no Jardins

Bolsonaro pode voltar ao hospital por crise de soluços, diz família

Fux decide que número de deputados por estado permanece o mesmo em 2026