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Concessão vai baratear até 47% taxa de guincho em SP, diz governo

Gestão Tarcísio de Freitas promete padronização no serviço que hoje é operado por diversas empresas. Representantes do setor criticam a proposta

Serviço de guincho: gestão paulista quer fazer um leilão de sete lotes (Governo de SP/Agência SP/Divulgação)

Serviço de guincho: gestão paulista quer fazer um leilão de sete lotes (Governo de SP/Agência SP/Divulgação)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 13 de setembro de 2025 às 16h58.

Última atualização em 13 de setembro de 2025 às 17h40.

A concessão do serviço de guincho e reboque no Estado de São Paulo pode reduzir em até 47% as tarifas para os motoristas paulistas, segundo estimativas da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos). O novo modelo deve ser leiloado no primeiro semestre de 2026, com publicação do edital prevista até o fim deste ano.

O projeto prevê investimentos de R$ 358 milhões ao longo de 26 anos e reestrutura a atual prestação dos serviços de remoção, guarda e restituição de veículos apreendidos por infrações de trânsito.

Hoje, essas operações são realizadas de forma descentralizada pelo Detran-SP e pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER), gerando, segundo o governo, grandes disparidades de preços e procedimentos.

Segundo a Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI), ao menos 50 empresas já demonstraram interesse na proposta e 11 delas participaram de reuniões técnicas para conhecer detalhes do projeto. Atualmente, o estado conta com 212 pátios ativos e cerca de 184,5 mil veículos custodiados, segundo dados oficiais.

Como funciona o serviço de guincho em SP hoje e o que muda com a concessão

A principal crítica da gestão estadual ao sistema atual é a fragmentação. Hoje, o DER opera com 42 pátios próprios, enquanto o Detran-SP mantém 43 convênios com prefeituras e outros 168 contratos com empresas privadas. Isso, segundo a SPI, gera variações de até 100% nos preços cobrados, dependendo da localidade e do tipo de via.

Com a concessão, o serviço será dividido em sete lotes regionais. As concessionárias deverão garantir cobertura em regiões hoje desassistidas, e serão obrigadas a operar com central de monitoramento, call center e plataformas digitais integradas. O governo garante que os 645 municípios do Estado serão assistidos pelo modelo.

A nova modelagem prevê tarifas fixas com base em estudos técnicos, além da cobrança apenas de diárias úteis, caso o veículo seja retirado em até sete dias. O governo argumenta que isso reduzirá os custos para motoristas que conseguirem recuperar rapidamente os veículos apreendidos.

Exemplos práticos ilustram a redução: no caso de uma motocicleta apreendida em via urbana, a tarifa atual de R$ 692,26 cairia para R$ 620. Se a apreensão ocorresse em uma rodovia, o valor, que hoje chega a R$ 1.088,96, também seria limitado a R$ 620.

No caso de um caminhão apreendido em rodovia e com trajeto de até 30 km, o custo cairia de R$ 2.705,05 para R$ 1.450,00 — uma redução de 47%. Para veículos leves, a proposta fixa a tarifa em R$ 750, valor inferior à média atual cobrada em rodovias.

Entre as exigências contratuais do novo modelo estão metas de desempenho, uso obrigatório de GPS, registro fotográfico, atendimento 24h em todo o estado e canais digitais para solicitação e acompanhamento dos serviços.

Sindicatos e empresários do setor se mobilizam contra a proposta

Apesar da promessa de padronização e redução de custos, representantes do setor de guincho têm se posicionado contra o projeto. Três entidades lideram a mobilização: o SINGUESP (Sindicato dos Guincheiros do Estado de São Paulo), o SEGRESP (Sindicato das Empresas e Proprietários de Serviços de Reboque, Resgate e Remoção de Veículos) e a APPAGESP (Associação dos Proprietários de Pátios e Depósitos).

As entidades afirmam que, com o limite de até sete empresas atuando no estado, o número de cidades atendidas cairia de 645 para apenas 124. Segundo o setor, isso afetaria diretamente o acesso ao serviço em mais de 500 municípios, gerando aumento de custos para os usuários.

Representantes do setor são contra projeto de concessão do serviço (Sindicato dos Guincheiros/Divulgação)

Outro ponto de crítica é o impacto no emprego. Os sindicatos estimam que até 30 mil guincheiros podem ser demitidos, além de outros 80 mil trabalhadores diretos e indiretos, que atuam em áreas como vistorias e leilões.

As entidades defendem que o setor precisa de regulamentação, mas criticam o modelo proposto por concentrar a operação em “apenas um grupo econômico”, segundo nota conjunta divulgada em agosto.

Para os representantes, a medida representa uma privatização disfarçada, com risco de perda de capilaridade e de concorrência no serviço público de remoção.

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