Brasil

Conpresp libera prédios no Parque Augusta

O órgão determinou, como contrapartida, que o espaço - que preserva árvores da Mata Atlântica - seja, apesar de propriedade privada, aberto ao público em geral

Parque Augusta: o movimento Parque Augusta defende que a totalidade do terreno seja destinada a uma área de lazer pública (Divulgação/Facebook/Parque Augusta)

Parque Augusta: o movimento Parque Augusta defende que a totalidade do terreno seja destinada a uma área de lazer pública (Divulgação/Facebook/Parque Augusta)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2015 às 08h15.

São Paulo - O Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) aprovou na terça-feira, 27, o projeto das construtoras Cyrela e Setin para erguer três torres em um terreno de 25 mil metros quadrados na Rua Augusta, entre a Caio Prado e a Marquês de Paranaguá.

Há anos, movimentos sociais querem criar na área o Parque Augusta. Atualmente, ativistas ocupam o local.

De acordo com a Secretaria de Cultura, foi por causa da "comoção popular" que o órgão determinou, como contrapartida, que o espaço - que preserva cerca de 700 árvores nativas da Mata Atlântica - seja, apesar de propriedade privada, aberto ao público em geral. A ata da reunião de ontem do Conpresp deve ser publicada em três dias.

Ativistas em prol do Parque Augusta ficaram indignados com a notícia. "Estamos estarrecidos, como qualquer cidadão de São Paulo. Na iminência de uma crise hídrica, estamos vendo a cidade perder mais uma área verde, por decisão administrativa", afirma o advogado Daniel Biral, atuante da causa.

O lugar é ocupado por ativistas desde o dia 17. As construtoras obtiveram liminar de reintegração de posse no dia 21. Mas a negociação com a PM para desocupar o espaço deve demorar pelo menos mais 15 dias.

No entendimento de Biral, além das árvores nativas, que devem ser preservadas, o terreno deveria abrigar mais verde. "E mais: qualquer tipo de construção ali vai interferir na impermeabilização do solo", diz. Ele promete "analisar a ata" e tomar as providências necessárias para "impugná-la administrativa e judicialmente".

O movimento Parque Augusta defende que a totalidade do terreno seja destinada a uma área de lazer pública. De acordo com manifesto publicado pelo grupo em seu site, a cidade "sofre com a escassez de áreas verdes e de políticas públicas que visem à preservação do meio ambiente em detrimento do histórico crescimento desenfreado e não planejado da cidade de São Paulo".

Projeto

Os três edifícios que foram autorizados a ser erguidos no terreno poderão ter até 45 metros e não devem ocupar mais de 33% do terreno, de acordo com o Conpresp. O restante passaria, então, a ser ocupado pelo Parque Augusta, com acesso público e administração particular.

O terreno é tombado pelo Conpresp desde 2004. Estão protegidas pelo órgão as árvores nativas e os remanescentes do antigo Colégio Des Oiseaux, que ocupou a área durante 60 anos ao longo do século 20 e oferecia ensino às meninas da alta sociedade paulistana.

A questão é antiga. Desde 1970, já foram cogitados, além de parque, um supermercado e o Museu da Música Popular Brasileira para o local. Em dezembro de 2013, o prefeito Fernando Haddad (PT) declarou o terreno de utilidade pública. A decisão foi comemorada pelas associações de moradores da região e pelo coletivo Matilha Cultural. A Secretaria Municipal do Verde, no entanto, informou logo em seguida que o governo municipal não teria os R$ 120 milhões necessários para desapropriar o terreno.

O projeto atual aprovado pelo Conpresp é uma versão revista do original, datado de 2008. Procuradas pela reportagem, as Construtoras Cyrela e Setin informaram, por meio de assessoria, que só vão se manifestar após serem notificadas oficialmente pela Prefeitura.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasConstrutorasMeio ambienteMetrópoles globaisSão Paulo capital

Mais de Brasil

Denúncia da PGR contra Bolsonaro apresenta ‘aparente articulação para golpe de Estado’, diz Barroso

Mudança em lei de concessões está próxima de ser fechada com o Congresso, diz Haddad

Governo de São Paulo inicia extinção da EMTU

Dilma Rousseff é internada em Xangai após mal-estar