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Amazônia livre: manifestantes pedem bioma livre de petróleo e gás (Leandro Fonseca)
Publicado em 15 de novembro de 2025 às 11h37.
Última atualização em 15 de novembro de 2025 às 11h40.
BELÉM, PARÁ — Do setor de petróleo aos pescadores artesanais, passando por agentes do mercado financeiro, a Marcha da Cúpula dos Povos, que ocorre neste sábado, 15, em Belém, tem um objetivo central: chamar a atenção do mundo para as mudanças climáticas — mas não apenas isso.
Sob um sol de 30 °C, milhares de pessoas se aglomeraram em frente ao Mercado de São Brás, acompanhando um trio elétrico e pedindo que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “não mexa com o Brasil” ou reivindicando “justiça climática”.
A Marcha da Cúpula dos Povos reúne participantes da Cúpula dos Povos e da COP das Baixadas e acontece paralelamente às atividades e reuniões da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
Marcha da Cúpula dos Povos: manifestantes pedem o fim dos combustíveis fósseis
A organização da Cúpula dos Povos espera a participação de representantes de organizações de todos os continentes, além de lideranças e comunidades paraenses.
Esse não é o primeiro protesto que acontece na COP30. Ao longo da primeira semana, uma série de manifestações ocorreram paralelamente ao evento climático. A que mais chamou a atenção foi a de sexta-feira, 14.
O protesto Munduruku foi a principal agenda da coletiva de imprensa que representantes da equipe de negociadores brasileiros concedem diariamente para atualizações.
A ativista dinamarquesa Laila Delgo trouxe uma escultura intitulada The orange plague (“A praga laranja”), que retrata Donald Trump sentado sobre as costas de um homem.
“Essa escultura representa um grande problema para todos nós. Ela mostra que há alguém sentado sobre nós, simbolizando aqueles que dificultam a justiça climática e atrasam as políticas de combate às mudanças climáticas”, afirma.
Além da ativista, cartazes expostos ao longo da marcha reivindicam pautas do movimento negro, de mulheres feministas, de jovens e também posições sobre a guerra entre Israel e Palestina.
“Para ter um destino de qualidade de vida, para poder garantir a floresta em pé, não é possível que nós continuemos à margem”, diz uma voz no alto do trio.
Manifestantes na Cúpula dos Povos: ativistas ressaltam o papel dos povos da floresta
Também há cartazes contra o agronegócio, pedindo o “fim dos agrotóxicos”, além de panfletos que alertam para “os riscos do acordo Mercosul–União Europeia”, distribuídos pela Animal Equality, organização internacional dedicada à proteção de animais de produção.
"O acordo já foi firmado, mas estamos lutando contra a sua ratificação e exigindo cláusulas espelho para garantir que, aqui no Brasil, também tenhamos o mesmo nível de bem-estar que existe na Europa. Queremos, no mínimo, poder aplicar as mesmas regras no país", diz André Lima, assistente de comunicação da Animal Equality.
Ao fim da marcha, será divulgada uma carta da Cúpula dos Povos, sintetizando reivindicações como a demarcação de territórios tradicionais, a necessidade de financiamento para uma transição justa rumo a uma economia de baixo carbono e ações efetivas para adaptação climática e mitigação das emissões de gases responsáveis pelo aquecimento global.
Segundo os organizadores, 30 mil pessoas participam da marcha com suas respectivas reivindicações.
Para este sábado, a presidência da COP30 marcou duas coletivas de imprensa. A primeira, prevista para às 13h30, apresentará um balanço do progresso da Agenda de Ação durante a primeira semana da conferência.
A segunda, marcada para às 19h, trará o balanço dos resultados das negociações e consultas realizadas na primeira semana da COP30. Ambas devem contar com a participação do presidente da COP, o embaixador André Corrêa do Lago.
Já a plenária que marca a passagem dos trabalhos e textos dos órgãos técnicos para os ministeriais ocorre às 16h.