CPI das Bets: Soraya Thronicke sugere proibição de jogos "Tigrinho" e indiciamento de influenciadoras por práticas ilegais relacionadas a apostas esportivas (Bruno Peres/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 10 de junho de 2025 às 17h22.
Última atualização em 10 de junho de 2025 às 18h27.
A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) sugeriu no relatório final da CPI das Bets a proibição de jogos online, como o do Tigrinho. A parlamentar, no entanto, defendeu a manutenção das apostas esportivas, as populares bets, desde que sejam adotadas "medidas de regulação mais rígida". O documento também pediu o indiciamento de 16 pessoas por envolvimento em práticas ilegais relacionadas a apostas esportivas. Entre os nomes citados estão as influenciadoras Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra, além da advogada e ex-BBB Adélia de Jesus Soares.
Conforme a senadora, jogos do tipo Tigrinho possuem maior potencial viciante do que os jogos de temática esportiva. Soraya Thronicke também menciona "as maiores dificuldades técnicas de controle e da maior capacidade criminógena desse tipo de jogos" ao pedir o banimento.
"Entendemos que a sua absoluta proibição é medida mais adequada a ser proposta por esta CPI", escreveu a senadora, acrescentando que esses jogos resultam em "efeitos exclusivamente deletérios para a população brasileira, sem qualquer contrapartida social relevante".
A relatora defendeu a manutenção das bets que promovem apostas em jogos esportivos desde que "com as diversas medidas de regulação mais rígida propostas por esta CPI". Soraya Thronicke alegou que essa prática trouxe ganhos em relação ao esporte nacional, notadamente o futebol, que recebeu uma grande injeção de recursos.
A relatora da CPI das Bets, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), pediu nesta terça-feira, em seu parecer, o indiciamento de 16 pessoas por envolvimento em práticas ilegais relacionadas a apostas esportivas. Entre os nomes citados estão as influenciadoras Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra, além da advogada e ex-BBB Adélia de Jesus Soares. De acordo com o texto, elas teriam cometido crimes como lavagem de dinheiro, integração de organização criminosa e estelionato.
O relatório diz que Virgínia reconheceu ao colegiado que se valia de uma "conta simulada" para fazer as apostas, durante as peças de publicidade feitas para a internet, o que configura uma espécie de propaganda enganosa. O pedido de indiciamento por estelionato ocorreu por ter sido identificada uma "indução ao erro dos seguidores, que acreditam que estão sendo feitas apostas reais – e não meras simulações".
A influenciadora prestou depoimento à CPI no dia 13 de maio, quando negou que seu contrato com a empresa Esportes da Sorte estivesse vinculado à captação de novos apostadores ou ao aumento de seguidores para a marca. Na época, Virgínia disse cumprir com as regras de alerta contra vícios em jogos e se mostrou favorável a mudanças na legislação sobre o tema.
Já a recomendação para o indiciamento de Deolane ocorre pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ela é apontada como sócia oculta da empresa Zeroumbet, que atuaria de forma ilegal, e na qual teria se valido de "laranjas", depois de deixar o quadro societário, para seguir atuando. O colegiado ressalta que as condutas configuram os crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa. O texto do relatório ainda identifica que Deolane e seus filhos registraram movimentações financeiras incompatíveis com as suas declarações de imposto de renda.
Deolane já havia sido presa durante a Operação Integration, realizada no ano passado. A investigação visava desarticular uma organização criminosa especializada em jogos ilegais e lavagem de dinheiro. Conforme as apurações, o grupo utilizava diversas empresas — de eventos, publicidade, casas de câmbio e seguradoras — para movimentar recursos ilícitos por meio de depósitos e transações bancárias.
Ex-BBB e advogada de Deolane, Adélia Soares foi indiciada por lavagem de dinheiro e integração de organização criminosa. Ela havia sido convocada a depor como testemunha em maio do ano passado, mas foi dispensada por decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Meses depois, em setembro, Adélia foi indiciada por falsidade ideológica e associação criminosa, durante uma investigação em Pernambuco. De acordo com apuração da TV Globo, ela teria se associado a cidadãos chineses para abrir empresas de fachada com o objetivo de explorar ilegalmente jogos de azar no Brasil. Na época, a polícia não informou se a investigação tinha ligação com o caso de Deolane.