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CPI do INSS acusa presidente da Conafer de operar descontos ilegais em aposentadorias

Carlos Lopes, da Conafer, foi acusado de “meter a mão no bolso de aposentados” durante audiência no Congresso

Agência o Globo
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Publicado em 30 de setembro de 2025 às 06h50.

A CPI do INSS ouviu nesta segunda-feira o empresário Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais), entidade suspeita de operar descontos ilegais de aposentados, segundo a Polícia Federal (PF).

Ao questionar o presidente da confederação, o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), relator da CPI mista, acusou Lopes de “meter a mão no bolso de aposentados sem autorização”.

Gaspar perguntou a Lopes sobre um repasse de R$ 130 milhões feito a Cícero Marcelino, apontado como braço-direito do empresário e operador dos descontos ilegais. O presidente da Conafer respondeu que Cícero era “um fornecedor de bens e serviços” da entidade há cerca de 15 anos, sem detalhar quais.

O relator retrucou afirmando que a confederação participou ativamente do esquema.

"Eu não posso ser surpreendido porque nós estamos tratando sobre INSS, e 100% daqueles que foram entrevistados disseram que a Conafer estava mentindo na autorização. Setenta e um mil processos judiciais, no Brasil, estão dizendo que a Conafer meteu a mão no bolso sem autorização", afirmou.

Lopes respondeu que “por cinco anos a Conafer reparou qualquer dano que houve, tanto administrativo, Procon, Reclame Aqui e Judiciário”.

Comparação com investigado preso

Gaspar ainda comparou Lopes ao empresário Maurício Camisotti, preso e investigado como beneficiário direto das fraudes.

"Hoje a gente descobriu outro Maurício Camisotti: se chama Carlos Roberto Ferreira Lopes. Pelas mãos da Conafer, passaram mais de R$ 800 milhões. Aqui nós descobrimos, porque o tempo foi curto, que R$ 140 milhões foram direcionados diretamente para o assessor dele, Cícero Marcelino. Se isso não for lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito e formação de organização criminosa, é melhor fechar a CPMI", disse.

Segundo a CPI, o faturamento da Conafer saltou de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões durante o período em que se intensificaram os descontos suspeitos.

Investigação e denúncias de adulteração

O INSS recebeu, em junho de 2022, um ofício relatando descontos não autorizados em aposentadorias e pensões em favor da Conafer, que registrou o maior aumento no volume de deduções entre 2019 e 2024.

A entidade é alvo de inquérito da Polícia Federal e informou estar revisando todos os seus cadastros de associados.

Reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, veiculada em maio, mostrou que uma testemunha-chave contou à Polícia Civil, em 2021, que a Conafer adulterou documentos para retirar dinheiro de aposentados.

Defesa de Carlos Lopes

Durante o depoimento, Lopes procurou desvincular a Conafer das irregularidades:

"A Conafer restituiu todos os inativos que porventura reclamaram da prestação de serviço. A Conafer dá suporte às federações e aos sindicatos, e esses detêm a articulação e a associabilidade com o aposentado. A Conafer se trata de uma entidade de terceiro grau; a federação, segundo grau; sindicatos, associações e cooperativas, primeiro grau. A Conafer é corresponsável com essa relação entre o associado e as entidades", concluiu.

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