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CPI do INSS: governo elege vice-presidente da comissão que vai investigar fraudes contra aposentados

Comissão inicia trabalhos com requerimentos que podem polarizar governo e oposição

Agência o Globo
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Publicado em 26 de agosto de 2025 às 10h48.

A CPI do INSS iniciou os seus trabalhos nesta terça-feira, após derrota da base governista na última semana, que viu a presidência do colegiado ficar com o senador Carlos Viana (Podemos-MG). Governistas conseguiram emplacar o deputado Duarte Júnior (PSB-MA) como vice-presidente. Os primeiros requerimentos para convocação de depoimentos também devem ser votados nesta terça. Algumas possíveis testemunhas são tidas como sensíveis, incluindo o irmão do presidente Lula, José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, vice-presidente de um sindicato.

Em seu pronunciamento, Duarte disse que quer ser um nome de "isenção técnica".

"Nós não estamos aqui para conservar bandidos de estimação, estamos aqui para investigar e dar a resposta devida. Doa a quem doer, não importa se quem cometeu crimes é da direita ou da esquerda, se cometeu crimes cabe a nós investigar e garantir a punição", afirmou.

A comissão foi instalada em um momento em que o governo acumula desgaste por derrotas recentes no Congresso e busca evitar que a investigação se transforme em palco de confronto direto entre aliados e opositores. Mesmo antes de votar seus primeiros requerimentos, a CPI já acumula 910 pedidos ainda não apreciados. Entre os requerimentos que estão na pauta desta terça-feira estão convocações de nomes ligados aos governos Lula e Bolsonaro, além de pedidos de acesso às investigações sobre as fraudes.

Derrota do governo e articulação da oposição

A derrota do governo na eleição da presidência da CPI ficou clara com a vitória de Carlos Viana (Podemos-MG), em uma chapa que reuniu setores da oposição, que indicou Alfredo Gaspar (União-AL) como relator. A movimentação surpreendeu a base, expondo fragilidades na articulação interna, apesar de o bloco governista manter maioria numérica no colegiado. Inicialmente, a base havia articulado acordo com os presidentes do Senado e da Câmara, Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB), respectivamente, prevendo Omar Aziz (PSD-AM) na presidência e Ricardo Ayres (Republicanos-TO) na relatoria, mas o plano foi frustrado pela ofensiva da oposição.

Monitoramento da pauta e desafios políticos

Além da disputa por cargos, o governo monitora a pauta da comissão e tenta influenciar o calendário das reuniões, atualmente marcadas pela oposição para segundas e quintas, dias em que Brasília costuma estar mais vazia. A estratégia inclui também contatos com senadores independentes, estudos jurídicos sobre a possibilidade de restringir convocações e articulações para que depoimentos como o de Frei Chico não ocorram.

O irmão de Lula é ligado ao Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), citado em relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre possíveis fraudes. Frei Chico não é investigado, e o sindicato nega irregularidades. Não há requerimento de convocação dele na pauta desta sessão.

O governo também tenta pautar requerimentos-chave como a convocação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do senador e ex-ministro da Justiça, Sergio Moro. Esses pedidos não estão na pauta da sessão de hoje e devem enfrentar dificuldades para serem votados.

A CPI do INSS se configura como um teste de capacidade de articulação do governo, que precisa equilibrar a defesa de aliados, evitar desgastes políticos desnecessários e manter o controle sobre o fluxo de informações e documentos enquanto a comissão avança na coleta de depoimentos. Para aliados do Planalto, o desafio é impedir que a investigação se transforme em um instrumento de pressão política contra Lula e sua base, ao mesmo tempo em que se preserva a imagem de transparência e legalidade.

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