Agência de notícias
Publicado em 9 de setembro de 2025 às 07h20.
O ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, prestou um depoimento de cerca de nove horas à CPI do INSS. A reunião, que começou na segunda-feira, só terminou na madrugada de terça. A comissão investiga descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS destinados a sindicatos.
No depoimento, Lupi voltou a afirmar que sabia das denúncias sobre os descontos indevidos desde 2023, mas que somente em 2024 o instituto editou uma instrução normativa (IN) para inibir as fraudes, como o uso de biometria.
Lupi admitiu que não tinha noção da dimensão da fraude e reconheceu que o ministério falhou por não ter tomado medidas mais enérgicas.
"A gente, infelizmente, não tem o poder da adivinhação. Nunca tivemos capacidade de dimensionar o tamanho ou o volume do que esses criminosos fizeram no INSS. Foi só depois da investigação para valer, da PF", afirmou Lupi.
Em uma sessão acalorada, em que parlamentares precisaram ser apartados em um momento em que Lupi se recusou a responder as perguntas do deputado Marcel Van Hattem (NOVO-RS), Lupi disse conhecer Frei Chico, irmão de Lula, desde o tempo que foi ministro do Trabalho na gestão Dilma Rousseff, mas negou que ele tenha feito algum pedido. Por outro lado, negou conhecer os empresários Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, e Maurício Camisotti, citados no relatório da Polícia Federal.
Acompanhado por dois advogados, o ex-ministro iniciou o depoimento afirmando que não é investigado no processo das fraudes contra os aposentados. Disse que compareceu à CPI para colaborar, na condição de testemunha.
Lupi reiterou que sabia das denúncias sobre os descontos indevidos em 2023, que chegavam por vários canais, como da ouvidoria, dos técnicos de Tribunal de Contas da União (TCU), da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS).
Em maio de 2023, foi criado um grupo de trabalho entre o INSS e a Polícia Federal para apurar as denúncias. Em agosto, a Dataprev, estatal responsável por processar os dados do INSS, migrou para o Ministério de Gestão e Inovação (MGI) com o objetivo de melhorar o sistema. Em janeiro de 2024, os aposentados passaram a pedir o bloqueio do desconto indevido, e em março o INSS editou a instrução normativa para inibir as fraudes.
Lupi disse que conhece Frei Chico desde o tempo em que foi ministro do Trabalho, mas afirmou que nunca recebeu os empresários Careca do INSS e Maurício Camisotti, citados pela Polícia Federal.
O ex-ministro também garantiu que o presidente Lula só tomou conhecimento das irregularidades no dia da operação deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU) contra os descontos não autorizados em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS.
Indagado se teria comunicado o presidente Lula sobre os indícios, respondeu:
"Em nenhum momento. Eu não tinha informação suficiente para comunicar."