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De ex-comandantes a governadores, STF inicia 'maratona' de depoimentos sobre trama golpista

Na semana passada, a defesa de Bolsonaro pediu o adiamento das audiências

Agência o Globo
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Publicado em 18 de maio de 2025 às 09h40.

O Supremo Tribunal Federal (STF) começa nesta segunda-feira uma sequência de audiências para ouvir 81 testemunhas, indicadas por acusação e defesa, na ação penal da trama golpista. Um terço dos depoentes é militar, incluindo integrantes da cúpula das Forças Armadas. Estão previstos os depoimentos de três ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica e do atual comandante Marinha, Marcos Sampaio Olsen.

Também estão no rol o ex-vice-presidente Hamilton Mourão, hoje senador, e 13 ministros do governo de Jair Bolsonaro, entre eles o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o ex-“superministro” da Economia Paulo Guedes, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ).

A expectativa é que os depoimentos ocorram até o início de junho, mas há a possibilidade de o prazo ser prorrogado.

As audiências fazem parte apenas da ação penal do chamado “núcleo crucial” da suposta organização criminosa que teria tentado um golpe de Estado. São oito réus nesse processo, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ministro Walter Braga Netto.

Nas audiências, as testemunhas respondem a perguntas tanto do juiz responsável (que deve ser um magistrado auxiliar do gabinete de Alexandre de Moraes) quanto da PGR e das defesas dos réus.

Indicados pela PGR

Os primeiros a serem ouvidos serão os indicados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), incluindo os ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos Almeida Baptista Junior (Aeronáutica).

Os depoimentos dos dois à Polícia Federal (PF), confirmando que Bolsonaro apresentou uma proposta para reverter o resultado da eleição, foi uma etapa essencial da investigação.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), também seria ouvido, mas a PGR comunicou na sexta-feira ao STF a desistência da indicação.

Ibaneis, contudo, também foi indicado como testemunha de defesa do ex-ministro Anderson Torres. Por isso, uma nova audiência pode ser marcada. A expectativa é que ele fale sobre as falhas de organização na segurança dos atos golpistas do 8 de janeiro.

A PGR também pediu o depoimento de Éder Balbino, que chegou a ser indiciado pela Polícia Federal (PF), mas ficou fora da denúncia. Conhecido como “gênio da Uberlândia”, ele prestou serviços ao Instituto Voto Legal (IVL), contratado pelo PL para fazer uma análise das urnas.

Na sequência será a vez dos indicados pelo tenente-coronel Mauro Cid, que fez um acordo de delação premiada. Cid indicou somente colegas do Exército. O principal depoimento deve ser o de Júlio Cesar de Arruda, que foi o primeiro comandante do Exército deste governo Lula.

Arruda foi demitido com apenas 20 dias no cargo justamente por se recusar a retirar a nomeação de Cid para comandar o 1º Batalhão de Ações e Comandos, em Goiânia, uma unidade de elite do Exército.

Já entre as testemunhas de defesa estão sobretudo nomes do governo Bolsonaro e militares.

Quem mais indicou testemunhas foi Anderson Torres: 38 — algumas delas em comum com outros réus ou com a acusação. Apenas uma foi rejeitada: o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, que já é réu em outro núcleo.

Nove pessoas foram indicadas por mais de um réu ou por um dos alvos e a PGR. O mais requisitado foi Freire Gomes, que além da acusação aparece na lista de cinco investigados, incluindo Bolsonaro e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier.

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