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Demissão voluntária e empréstimo de R$ 20 bi: os detalhes do plano de reestruturação dos Correios

A companhia registrou um prejuízo de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre de 2025

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 15 de outubro de 2025 às 18h30.

Em meio a uma sequência de resultados financeiros negativos, os Correios começará a implementar um plano de reestruturação para garantir a segurança operacional e financeira da estatal. Anunciada nesta quarta-feira, 15, essa é uma das primeiras medidas do novo presidente da empresa, Emmanoel Rondon.

A companhia registrou um prejuízo de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre de 2025. O rombo é três vezes maior do que o registrado em 2024 e foi ampliado pelos resultados negativos do segundo trimestre de 2025.

Segundo dados da empresa, entre abril e junho, o prejuízo foi de R$ 2,6 bilhões. O montante é quase cinco vezes maior do que o rombo informado no mesmo período de 2024 (R$ 553,1 milhões).

Um dos principais motivos para os resultados, segundo a própria companhia, é a mudança da cobrança do imposto de importação em mercadorias, a conhecida "taxa das blusinhas".

Em entrevista recente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os Correios "inspira cuidados" e que a questão"precisa ser enfrentada rapidamente".

Para se recuperar, os Correios focará em três medidas para diminuir o prejuízo:

  • Corte de despesas operacionais e administrativas;
  • Diversificação de receitas, com recuperação da capacidade de geração de caixa
  • Recuperação da liquidez da empresa, de modo a retomar sua competitividade e a garantir estabilidade na relação dos Correios com empregadas e empregados, clientes e fornecedores.

Para recuperar a liquidez, a empresa buscará no mercado um empréstimo de R$ 20 bilhões, com aval do Tesouro Nacional, para dar conta da necessidade de caixa de 2025 e 2026.

O modelo proposto é o de um consórcio de bancos, em que instituições financeiras atuam de maneira conjunta para ofertar o capital buscado, em termos compatíveis com o mercado de crédito de hoje. A previsão é que Caixa e Banco do Brasil e outras instituições privadas participem.

“Estamos optando por uma operação que os Correios conseguem suportar, à luz dos resultados que esse pacote de reestruturação vai começar a produzir, com técnica e responsabilidade. O setor postal enfrenta desafios no mundo inteiro, mas o caminho é o mesmo em todos os países que conseguiram reagir: gestão e eficiência. O plano dá início a uma agenda de reequilíbrio, com medidas concretas, baseadas em transparência e governança”, afirmou o presidente da estatal, Emmanoel Rondon.

O aval do Conselho de Administração é o primeiro passo para o processo de negociação dessa operação, conforme as regras de governança das estatais brasileiras. 

“Ainda não se pode especular quanto aos detalhes dessa operação. Mas todas as sinalizações que temos recebido do mercado vão no sentido de que o programa de reestruturação que elaboramos assegura que a captação ocorrerá dentro dos interesses da empresa”, disse o executivo.

O que prevê o plano de restruturação dos Correios?

Segundo os Correios, em uma primeira fase, o plano focará na realização de um novo programa de demissões voluntárias (PDV), venda de imóveis ociosos e na renegociação de contratos.

Não foi informado o quanto a empresa planeja economizar com as medidas. Em maio, a empresa havia suspendido férias e reduzido jornadas para buscar uma economia de R$ 1,5 bilhão. 

A empresa também buscará se reaproximar de grandes clientes, ao mesmo tempo, em que estudam experiências internacionais de atividades que possam ser acopladas à rede logística, sobretudo na área de serviços financeiros.

  • Realização de um novo programa de demissões voluntárias (PDV), com um foco mais amplo. Para isso, será realizado diagnóstico da força de trabalho, com um mapa claro de setores da empresa ou de territórios que estão com um desempenho insatisfatório. Empregados nessas situações poderão aderir ao novo PDV, diminuindo a pressão da folha de pessoal;
  • Programa de desinvestimento de ativos da empresa que hoje não têm uso ótimo. De pronto, a estatal dará início à venda imóveis ociosos, o que não só representará a entrada de capital, como também reduzirá os gastos com manutenção desses espaços.
  • Renegociação de contratos com os maiores fornecedores da empresa, em busca de condições mais vantajosas, sem colocar em risco a segurança jurídica das operações, mas com objetivo de aprimorar contratos vigentes.
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