Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 15 de outubro de 2025 às 18h30.
Em meio a uma sequência de resultados financeiros negativos, os Correios começará a implementar um plano de reestruturação para garantir a segurança operacional e financeira da estatal. Anunciada nesta quarta-feira, 15, essa é uma das primeiras medidas do novo presidente da empresa, Emmanoel Rondon.
A companhia registrou um prejuízo de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre de 2025. O rombo é três vezes maior do que o registrado em 2024 e foi ampliado pelos resultados negativos do segundo trimestre de 2025.
Segundo dados da empresa, entre abril e junho, o prejuízo foi de R$ 2,6 bilhões. O montante é quase cinco vezes maior do que o rombo informado no mesmo período de 2024 (R$ 553,1 milhões).
Um dos principais motivos para os resultados, segundo a própria companhia, é a mudança da cobrança do imposto de importação em mercadorias, a conhecida "taxa das blusinhas".
Em entrevista recente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os Correios "inspira cuidados" e que a questão"precisa ser enfrentada rapidamente".
Para se recuperar, os Correios focará em três medidas para diminuir o prejuízo:
Para recuperar a liquidez, a empresa buscará no mercado um empréstimo de R$ 20 bilhões, com aval do Tesouro Nacional, para dar conta da necessidade de caixa de 2025 e 2026.
O modelo proposto é o de um consórcio de bancos, em que instituições financeiras atuam de maneira conjunta para ofertar o capital buscado, em termos compatíveis com o mercado de crédito de hoje. A previsão é que Caixa e Banco do Brasil e outras instituições privadas participem.
“Estamos optando por uma operação que os Correios conseguem suportar, à luz dos resultados que esse pacote de reestruturação vai começar a produzir, com técnica e responsabilidade. O setor postal enfrenta desafios no mundo inteiro, mas o caminho é o mesmo em todos os países que conseguiram reagir: gestão e eficiência. O plano dá início a uma agenda de reequilíbrio, com medidas concretas, baseadas em transparência e governança”, afirmou o presidente da estatal, Emmanoel Rondon.
O aval do Conselho de Administração é o primeiro passo para o processo de negociação dessa operação, conforme as regras de governança das estatais brasileiras.
“Ainda não se pode especular quanto aos detalhes dessa operação. Mas todas as sinalizações que temos recebido do mercado vão no sentido de que o programa de reestruturação que elaboramos assegura que a captação ocorrerá dentro dos interesses da empresa”, disse o executivo.
Segundo os Correios, em uma primeira fase, o plano focará na realização de um novo programa de demissões voluntárias (PDV), venda de imóveis ociosos e na renegociação de contratos.
Não foi informado o quanto a empresa planeja economizar com as medidas. Em maio, a empresa havia suspendido férias e reduzido jornadas para buscar uma economia de R$ 1,5 bilhão.
A empresa também buscará se reaproximar de grandes clientes, ao mesmo tempo, em que estudam experiências internacionais de atividades que possam ser acopladas à rede logística, sobretudo na área de serviços financeiros.