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Denúncia contra Temer leva país a uma situação inédita, diz FHC

Ex-presidente afirmou que situação de ter um presidente da República denunciado por corrupção é muito séria

FHC sobre Temer: "ele podia chamar as forças políticas e antecipar a eleição para daqui a oito, nove meses. Isso para ter legitimidade." (Andrew Burton/Getty Images)

FHC sobre Temer: "ele podia chamar as forças políticas e antecipar a eleição para daqui a oito, nove meses. Isso para ter legitimidade." (Andrew Burton/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de junho de 2017 às 13h00.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ressaltou na manhã desta sexta-feira, 23, que o País caminha para uma situação inédita e muito séria: a de ter um presidente da República denunciado por corrupção.

"O procurador-geral da República, baseado em uma investigação da Polícia Federal, que é submetida à Presidência, se dispõe a mover uma ação contra o presidente. E por corrupção. Isso nunca houve", disse o tucano durante palestra em São Paulo. "Se por um lado isso é sinal de que as instituições estão independentes, por outro lado, é gravíssimo."

Ao falar sobre a chance do presidente Michel Temer (PMDB) ser denunciado pelo procurador-geral Rodrigo Janot, FHC lembrou os últimos dias de Getúlio Vargas.

"Quando Getúlio Vargas era presidente, em um tempo em que os militares estavam muito assanhados, existia a chamada 'República do Galeão', formada pelo pessoal da Aeronáutica que fazia inquéritos militares. Um dia, chamaram o irmão do Getúlio, Benjamin Vargas. Pouco depois, Getúlio se matou porque descobriu que o irmão estava metido em confusões junto com o chefe de sua guarda pessoal. Era grave", disse o ex-presidente, que acrescentou: "Não estou dizendo que o Temer se mate, claro, prefiro outra coisa".

A "outra coisa", segundo FHC, é a antecipação das eleições por determinação do próprio Temer. "Ele podia chamar as forças políticas e antecipar a eleição para daqui a oito, nove meses. Isso para ter legitimidade."

O tucano, mais uma vez, se posicionou contra eventuais diretas-já e citou o teórico italiano Antonio Gramsci, que diz haver situações na política onde o "velho já morreu, mas o jogo não nasceu", referindo-se à ausência de lideranças políticas no cenário brasileiro atual.

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