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Desafio da direita em 2026 é impedir que Lula vença no primeiro turno, diz CEO da AtlasIntel

A conclusão de Roman tem como base o resultado da eleição de 2022, quando Lula terminou com 48,43% dos votos válidos

Publicado em 13 de outubro de 2025 às 08h25.

Distante de um consenso em torno de uma candidatura única após a inelegibilidade e condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a direita terá como um dos principais desafios impedir uma vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda no primeiro turno da eleição presidencial de 2026. A análise é de Andrei Roman, cientista político e CEO do instituto de pesquisa AtlasIntel.

“O primeiro desafio da direita é fazer com que Lula não ganhe a eleição no primeiro turno. Se analisarmos a eleição passada, as candidaturas existentes fragmentavam mais o campo de centro-esquerda do que o campo da direita”, afirmou Roman em entrevista exclusiva à EXAME.

A conclusão de Roman tem como base o resultado da eleição de 2022, quando Lula terminou com 48,43% dos votos válidos no primeiro turno. Ele argumenta que o cenário atual indica que o petista não deverá enfrentar grandes adversários dentro de seu próprio espectro político, o que evitaria uma divisão de votos.

O CEO da AtlasIntel cita que Simone Tebet (MDB), hoje ministra do Planejamento do governo Lula, teve 4% dos votos, enquanto Ciro Gomes (PDT) alcançou 3% na última eleição. Somando esses percentuais — de candidatos que não devem disputar o pleito de 2026 — Lula ultrapassaria a marca de 50% dos votos válidos e seria eleito no primeiro turno.

“Se ele tem 50% de aprovação e não há uma candidatura para fragmentar esse espaço progressista, por que ele não poderia ganhar? Em tese, se Lula atrair parte dos eleitores da Simone e do Ciro da eleição anterior, chega a 50% no primeiro turno da próxima eleição. Esse é um desafio factível”, diz.

Roman afirma ainda que, ao contrário de 2022, a fragmentação pode ocorrer agora no campo da direita. Os governadores Ronaldo Caiado (União Brasil), Romeu Zema (Novo), Ratinho Jr. (PSD) e Eduardo Leite (PSDB) são nomes cogitados como possíveis presidenciáveis. Já Tarcísio de Freitas (Republicanos), embora negue intenção, é frequentemente citado como alternativa pela centro-direita.

Direita precisará unificar discurso para ser competitiva

O cenário mais provável para evitar uma vitória de Lula, segundo Roman, é a articulação da direita em torno de uma pauta unificadora durante a campanha. O cientista político aponta que a multiplicidade de agendas pode favorecer o governo.

“A direita precisa de uma pauta moral — seja segurança pública, corrupção ou os pontos fracos do governo. É preciso convencer o eleitor de que o atual governo foi incompetente, indecente e imoral. Isso, sem dúvida, desidrata Lula ao longo da campanha e reduz as chances de vitória no primeiro turno”, afirma.

Veja a entrevista completa com Andrei Roman, CEO da AtlasIntel.

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