Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 8 de maio de 2025 às 10h30.
Última atualização em 8 de maio de 2025 às 10h33.
A desigualdade de renda medida pelo índice de Gini caiu em 2024 e chegou ao seu menor nível na série histórica, segundo a PNAD Contínua sobre Rendimento de Todas as Fontes, divulgada nesta quinta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Índice de Gini, que mede a distribuição dos ganhos pela população numa escala de zero a 1 e, quanto menor, melhor, ficou em 0,506 em 2024, o menor desde 2012, quando o IBGE começou a realizar a pesquisa. O Gini mais alto da série (0,545) ocorreu em 2018.
Segundo Gustavo Fontes, analista do IBGE, entre 2023 e 2024, a desigualdade caiu porque o rendimento domiciliar dos mais pobres cresceu mais do que entre os mais ricos.
"As classes mais baixas da distribuição de renda tiveram um crescimento do rendimento domiciliar per capita acima da média", afirma Fontes.
Além disso, um mercado de trabalho menos desigual no ano passado, com o rendimento médio de todos os trabalhos subindo mais fortemente para quem ganha menos, é outra explicação para o dado positivo.
"Nos três últimos anos, o mercado de trabalho se apresentou de forma dinâmica, com aumento do rendimento médio, beneficiando essas classes de menor rendimento", disse o analista.
O rendimento mensal real domiciliar per capita também chegou ao maior valor da série em 2024: R$ 2.020, com alta de 4,7% ante 2023. Em relação a 2012 (R$ 1.696), ano inicial da série histórica, a elevação foi de 19,1%.
Para os 5% da população que recebem os menores rendimentos, o valor cresceu 17,6% no ano passado. O rendimento médio desse grupo foi de R$ 154 mensais por pessoa — é a situação de uma família formada por um casal e dois filhos que sobrevive com pouco mais de R$ 600 por mês.
Entre os 10% da população que estão no topo de pirâmide de distribuição de renda, o rendimento domiciliar médio cresceu 1,5% em 2024 na comparação com 2023. Estão nessa parcela da sociedade as pessoas que ganha mais de R$ 4.040 mensais por pessoa do domicílio
Além do Gini e do rendimento per capita, outros dois indicadores também caíram aos menores níveis da história. Em 2024, os 10% da população com os rendimentos mais elevados recebiam o equivalente a 13,4 vezes o rendimento dos 40% da população com os menores rendimentos. Essa foi a menor razão da série histórica, que atingiu seu pico (17,1 vezes) em 2018.
O 1% da população com maiores rendimentos recebia o equivalente a 36,2 vezes o rendimento dos 40% com a menor renda. Essa também foi a menor razão entre esses dois segmentos, em toda a série da pesquisa. O auge desse indicador (48,9 vezes) foi atingido em 2019.
Entre as unidades da federação, o Distrito Federal (R$ 3.276) liderava, com São Paulo (R$ 2.588) e Santa Catarina (R$ 2.544) a seguir. O menor valor foi do Maranhão (R$ 1.078), seguido por Ceará (R$ 1.210) e Amazonas (R$ 1.231).
Apesar das altas, as diferenças regionais permaneceram bastante acentuadas: a Região Sul registrou o maior valor (R$ 3 576), seguida pelas regiões Centro-Oeste (R$ 3 569) e Sudeste (R$ 3 497), enquanto o menor foi verificado na Região Nordeste (R$ 2 080). De 2023 para 2024, destaca-se o crescimento do rendimento de todas as fontes nas regiões Sul (9,5%) e Nordeste (6,1%), enquanto a Região Norte apresentou oscilação negativa de 1,0%.
Em relação a 2019, a variação mais acentuada foi observada na Região Norte (11,6%), seguida pelas regiões Sul (8,8%) e Centro-Oeste (8,7%). Na Região Sudeste, por outro lado, com uma oscilação de apenas 0,1%, o valor médio do rendimento de todas as fontes praticamente não se alterou nesse intervalo de cinco anos.