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Doria mobiliza tucanos e tenta isolar dissidência pró-Leite

O próprio Doria usou a palavra "golpe" ao se referir a eventuais manobras para revogar as prévias, que foram vencidas por ele no ano passado

Doria: a expectativa entre os aliados de Doria é que o senador José Serra se manifeste nos próximos dias. (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)

Doria: a expectativa entre os aliados de Doria é que o senador José Serra se manifeste nos próximos dias. (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de março de 2022 às 13h08.

Após o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, anunciar que vai permanecer no PSDB e renunciar ao cargo, o grupo de João Doria atua para isolar os dissidentes do partido que trabalham contra a pré-candidatura presidencial do governador paulista.

A estratégia tem três eixos. O primeiro é carimbar o grupo, do qual fazem parte o deputado Aécio Neves (MG), o ex-senador José Aníbal (SP), o ex-ministro Pimenta da Veiga (MG) e o senador Tasso Jereissati (CE), como "golpista". O próprio Doria usou a palavra "golpe" ao se referir a eventuais manobras para revogar as prévias, que foram vencidas por ele no ano passado.

Os adversários do governador paulista no PSDB dizem que a convenção nacional, em julho, é a instância máxima do partido e, portanto, teria o poder de derrubar a candidatura ou substituí-la por outra mais competitiva. "Só se revoga a democracia com um ato autoritário, de força", disse Doria ontem ao Estadão.

O segundo eixo, segundo aliados do governador, é mobilizar tucanos históricos e lideranças regionais para defenderem publicamente o resultado das prévias, tentando, assim, isolar o grupo dissidente. O tuíte do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso divulgado ontem, no qual ele disse que o resultado das prévias deve ser respeitado, foi comemorado nos bastidores do Palácio dos Bandeirantes.

A expectativa entre os aliados de Doria é que o senador José Serra se manifeste nos próximos dias.

O terceiro pilar da estratégia para blindar a pré-candidatura do governador, que deixa o cargo na quinta-feira, 31, é tentar mudar a correlação de forças na burocracia partidária do PSDB, que hoje é vista como hostil a Doria.

Após a formação da federação com o Cidadania, o colegiado vai ter uma executiva enxuta, com 19 membros, sendo 13 do PSDB e 6 do Cidadania. O presidente da federação será do PSDB, sendo o vice do Cidadania e o tesoureiro também tucano. Cada partido, porém, vai contar com um presidente próprio, mas que terá pouco poder de manobra.

A atual executiva do PSDB, que tem 32 membros, já impôs derrotas a Doria. Frustrou, por exemplo, a tentativa de expulsar Aécio da sigla e impôs regras desfavoráveis ao governador paulista nas prévias. Em caráter reservado, aliados de Doria não escondem que não confiam no presidente do PSDB, Bruno Araújo, e cobram dele uma manifestação clara em defesa do resultado das prévias.

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