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Dos 99 mortos identificados no Rio, 78 tinham antecedentes criminais

Segundo dados da Polícia Civil do Rio Janeiro, entre os identificados, 40 eram de outros estados

Megaoperação: o Rio de Janeiro estava abrigando lideranças criminosas de quatro das cinco regiões do Brasil

Megaoperação: o Rio de Janeiro estava abrigando lideranças criminosas de quatro das cinco regiões do Brasil

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 31 de outubro de 2025 às 16h27.

Última atualização em 31 de outubro de 2025 às 16h29.

A Polícia Civil Rio de Janeiro confirmou nesta sexta-feira, 31, que 99 dos 121 mortos da Operação Contenção, contra o Comando Vermelho, já foram identificados. A operação, realizada nos complexos do Alemão e da Penha, é considerada a mais letal da história do Brasil.

Em coletiva de imprensa, o delegado Felipe Curi, secretário da Polícia Civil, detalhou que, dos 99 mortos, 42 tinham mandados de prisão pendente e pelo menos 78 tinham antecedentes criminais, com registros por homicídios, tráfico de drogas e participação em organizações criminosas.

"Esse foi um trabalho muito expressivos das nossas equipes, que conseguiram em curto espaço de tempo periciar todos os corpos, identificar 99 narcoterroristas e levantar os históricos criminais. A investigação prossegue para mostrar quem são esses bandidos", afirmou Felipe Curi.

Segundo o governo do Rio de Janeiro, entre os identificados, 40 são de outros estados, incluindo 13 do Pará, sete do Amazonas, seis da Bahia, quatro do Ceará, um da Paraíba, quatro de Goiás, um do Mato Grosso e três do Espírito Santo.

O governador Cláudio Castro classificou todos os 117 suspeitos mortos na operação como "narcoterroristas". O anúncio foi feito três dias após a ação, que resultou na morte de 121 pessoas, incluindo quatro policiais.

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Durante a apresentação dos dados, Castro também elogiou a investigação realizada até a realização da megaoperação e enfatizou a importância da integração entre os estados.

"Tendo em vista estes resultados, a gente vê que o trabalho de investigação e inteligência foi adequado, todos perigosos e com ficha criminal. Também, pela identificação das origens desses narcoterroristas, reforço a importância da integração com os estados. Em breve, vamos entregar os relatórios completos para as autoridades competentes", declarou o governador.

De acordo com a Polícia Civil, o Rio de Janeiro estava abrigando lideranças criminosas de quatro das cinco regiões do Brasil. Aproximadamente um terço dos suspeitos mortos na operação eram de fora do estado.

As investigações indicam que os complexos do Alemão e da Penha eram usados como centros de comando, treinamento tático e tomada de decisões pela facção, com membros recebendo instruções em armamento, tiro, explosivos e táticas de combate.

Estima-se que a facção movimentava cerca de 10 toneladas de drogas por mês nessas regiões, que também serviam como polos de abastecimento, fornecendo drogas e armas a outras comunidades controladas pelo grupo criminoso. A investigação aponta ainda que cerca de 50 fuzis eram negociados mensalmente nessas áreas.

Ao todo, pelo menos 24 comunidades, incluindo o Complexo do Salgueiro (em São Gonçalo), a Rocinha, o Complexo da Maré, o Jacarezinho e o Complexo do Lins, são abastecidas por esses fluxos.

Próximos passos da investigação

A Polícia Civil afirmou que está finalizando um documento detalhado, que reúne a qualificação dos suspeitos mortos e uma análise sobre o papel estratégico dos complexos da Penha e do Alemão na estrutura da organização criminosa.

Curi ressaltou a importância de uma mobilização nacional no combate das organizações criminosas, mas apontou que há necessidade de atualização da legislação.

"É preciso que haja uma mobilização nacional no sentido de combate a essa organização criminosa. Importante que a legislação existente, completamente desconectada da realidade, seja atualizada para que as polícias possam dar uma resposta a altura", disse.

Na coletiva, Victor Santos, secretário de Segurança Pública, também explicou que não há planos para a ocupação militar das favelas, destacando que essa não seria uma solução para o crime organizado. Em vez disso, o governo aposta na retomada dos territórios.

De acordo com Felipe Curi, o trabalho entre as polícias Civil e Militar contribuiu também para o enfraquecimento do Comando Vermelho, com a apreensão de armas e bloqueio de recursos financeiros.

"Anteriormente, nós prendemos, ex-policiais que davam treinamento para traficantes, inclusive da Penha, apreendemos mais de 200 armas, a maioria de fuzis, e não foi em comunidade. Foram armas apreendidas, em mansões na Barra da Tijuca e no Estado de São Paulo. Fizemos outra ofensiva onde nós conseguimos um bloqueio de R$ 6 bilhões do Comando Vermelho. Então, é um trabalho feito em várias fases. A Operação Contenção não se resume a essa operação, mas a uma série de outras ações que nós estamos fazendo no combate a essa ação expansionista da facção criminosa Comando Vermelho”, disse o secretário.

Todos os corpos já foram periciados, em esquema especial que reuniu a Polícia Civil e o Ministério Público, e 89 foram liberados para retirada pelos familiares. As diligências seguem para identificar os restantes.

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