Brasil

É uma 'suprema humilhação' e nunca pensei em sair do Brasil, diz Bolsonaro após colocar tornozeleira

Na manhã desta sexta-feira, a Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão e medidas cautelares diversas da prisão contra o ex-presidente

Jair Bolsonaro: 'estou sofrendo uma perseguição' (Arthur Menescal/Getty Images)

Jair Bolsonaro: 'estou sofrendo uma perseguição' (Arthur Menescal/Getty Images)

Luiza Vilela
Luiza Vilela

Repórter de POP

Publicado em 18 de julho de 2025 às 10h49.

Última atualização em 18 de julho de 2025 às 11h17.

Tudo sobreJair Bolsonaro
Saiba mais

Em fala à imprensa na manhã desta sexta-feira, 18, o ex-presidente Jair Bolsonaro, alvo de Operação da Polícia Federal, declarou que acredita ser alvo de perseguição e que sofre uma "suprema humilhação" pelo judiciário brasileiro.

"Nada me coloca num plano golpista que nunca existiu, nem os outros. A suspeita é um exagero, eu sou ex-presidente da República, tenho 70 anos, isso é uma suprema humilhação", declarou ele na cidade de Brasília. ""Eu não tenho a menor dúvida que é perseguição, que provas tem contra mim? São só suposições. Quando se fala algo criminal, tem que ter algo concreto. O que foi falado foi Estado de Sítio, quando se convoca a Defesa e manda o projeto para o Congresso. Não saiu disso".

Na manhã desta sexta-feira, a Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão e medidas cautelares diversas da prisão contra o ex-presidente. Os mandados foram autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e estão sendo cumpridos em endereços ligados ao ex-presidente, incluindo sua residência e locais vinculados ao Partido Liberal (PL).

A ação se desenrola no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe, que visava reverter o resultado das eleições de 2022. O ex-presidente agora enfrentará uma série de restrições — incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, toque de recolher, e a proibição de se comunicar com alguns aliados, como seu filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro.

Durante a conversa com a imprensa, o presidente também declarou que nunca pensou em sair do Brasil. "Eu não quero, não pensei nisso. Se quisesse também, já teria feito. Sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem".

Apreensão dos dólares e Eduardo Bolsonaro nos EUA

Questionado sobre os objetos apreendidos pela PF em sua residência, como os US$ 14 mil em espécie e um pen-drive guardado no banheiro, cujo conteúdo ainda não revelado, Bolsonaro disse que o dinheiro tinha todas as comprovações de legalidade.

"Eu tinha 14 mil dólares em casa, tudo certo, sempre guardei dólar em casa, isso não é crime. Está tudo dentro da legalidade", respondeu o ex-presidente. Sobre o pen-drive, disse não ter ciência sobre o conteúdo.

Bolsonaro também falou sobre a aliança com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e mencionou que Eduardo Bolsonaro, deputado federal e seu filho, deve continuar nos Estados Unidos. "Acredito que sim, Eduardo vai continuar lá. Se ele vier para cá, vai ter problemas", relatou o ex-presidente. "Ele tem bom relacionamento com o presidente Trump, com o parlamento americano, com a Casa Branca".

Quando perguntado sobre o recente anúncio de Trump sobre as tarifas sobre os produtos brasileiros, Bolsonaro também "cutucou" o governo atual de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a falta de diálogo com o presidente americano. "Em 2019, não tinha nada de tarifas, porque eu conversava com o presidente americano. As tarifas são dele, mas é um governo [de Lula] completamente alienado, que não conversa com Trump".

O ex-presidente é alvo da Polícia Federal e tornou-se o terceiro ex-presidente da República a passar por operação em menos de dez anos. Antes, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Michel Temer (MDB) foram surpreendidos pelos agentes após a Justiça autorizar as incursões.

Acompanhe tudo sobre:Jair BolsonaroPolícia FederalLuiz Inácio Lula da SilvaDonald TrumpSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Donald Trump mira e a 25 de Março reage: como comerciantes avaliam investigação dos EUA

‘Governo não cogita controle de dividendos como retaliação aos EUA’, diz Haddad

Redes sociais reagem à operação da PF contra Bolsonaro: 59% apoiam e 41% criticam, aponta Quaest

"Inaceitável e arbitrária", afirma Lula sobre revogação de vistos de ministros do STF pelos EUA