Tarcísio: governador citou a gestão Milei em alguns momentos de sua fala, em especial ao citar as medidas para conter a expansão fiscal do país vizinho (Divulgação Esfera Brasil)
Editor de Macroeconomia
Publicado em 26 de agosto de 2025 às 11h58.
Última atualização em 26 de agosto de 2025 às 13h14.
Só o tempo dirá se o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), será candidato à Presidência da República em 2026. Mas, caso isso aconteça, é possível projetar que um eventual governo terá um exemplo próximo sobre o qual se apoiar: a gestão de Javier Milei, na Argentina.
"É necessário liderança para discutir a questão fiscal, para implementar uma agenda fiscal que vai nos garantir a prosperidade. É só olhar para aqui pertinho, olha o que a Argentina fez", disse o governador de São Paulo na segunda-feira, 25, durante o Seminário Brasil Hoje, do grupo Esfera Brasil, na capital paulista.
Tarcísio citou a gestão Milei em alguns momentos de sua fala, em especial ao citar as medidas para conter a expansão fiscal do país vizinho e o enxugamento de ministérios e da burocracia argentina.
"Como que ela conseguiu reduzir o tamanho do Estado e despesa pública, e o efeito que isso está tendo em termos de inflação e de crescimento", afirmou.
Em especial, o exemplo vindo do país vizinho na questão do enxugamento da máquina estatal foi elogiado pelo governador de São Paulo.
"Eles têm operado com nove ministérios. Imagina a quantidade de cortes que eles conseguiram fazer e isso foi importante para impulsionar a administração pública", disse. "Dá para cortar sem perder qualidade, e a tecnologia vai ser uma aliada."
Na visão de Tarcísio, o Estado precisa se concentrar em serviços como saúde, educação e segurança. Na saúde, citou que o governo paulista ampliou os valores da tabela do SUS para procedimentos.
"São 680 entidades filantrópicas no estado de São Paulo, 360 Santas Casas. E a gente criou, na verdade, um incentivo perverso. Quanto mais atendimento você faz, mais prejuízo você tem", afirmou.
Segundo ele, isso permitiu que um parto que pagava R$ 443 fosse para R$ 2,3 mil.
"A cirurgia de vesícula que era R$ 1 mil, em São Paulo a gente paga R$ 4 mil. O leito de UTI que era R$ 700, pagamos em São Paulo R$ 2,8 mil", disse. "E aí a gente foi ampliando vaga. Abrimos 6,5 mil leitos em dois anos. Ou seja, o estado que fazia 700 mil cirurgias por ano está fazendo 1,2 milhão. Isso é problema social. Isso é levar a saúde para a ponta."
Na Argentina, Milei implementou o 'plano Motosserra', com cortes de gastos, redução da burocracia e intervenções excessivas do Estado na economia do país.
O presidente argentino flexibilizou as leis trabalhistas e as políticas de aluguel. Além disso, Milei derrubou as restrições às exportações, o congelamento de preços e os subsídios a serviços básicos, como transporte público, água e luz. Empresas públicas foram privatizadas e funcionários públicos demitidos.
Os resultados foram uma queda na inflação, de 211% em 12 meses no final de 2023 para 36,6% em julho de 2025, e o primeiro superávit fiscal desde 2010.
No entanto, o custo disso foi a redução do poder aquisitivo, do emprego e do consumo, o que gerou protestos e greves.