Brasil

Em jantar com Dilma, Lula diz que Levy tem prazo de validade

Na avaliação de Lula, não adianta o PT brigar para derrubar Cunha, se o governo não arrumar sua base parlamentar no Congresso e promover mudanças na economia


	Ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva: Levy e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, são alvos constantes do ex-presidente
 (Nacho Doce/ Reuters)

Ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva: Levy e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, são alvos constantes do ex-presidente (Nacho Doce/ Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2015 às 13h37.

Brasília - Em jantar com a presidente Dilma Rousseff na noite desta quinta-feira, 15, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu mudanças na política econômica para sair da crise, defendeu o afrouxamento do ajuste fiscal e voltou a dizer que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem "prazo de validade".

Levy e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, são alvos constantes do ex-presidente. O Diretório Nacional do PT vai se reunir no próximo dia 29, em Brasília, e cobrará, mais uma vez, a substituição do ministro da Fazenda, além de um "novo eixo" para a política econômica, com crescimento e distribuição de renda.

Na avaliação Lula, não adianta o PT brigar para derrubar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se o governo não arrumar sua base parlamentar de apoio no Congresso e promover mudanças na economia.

Nos últimos dias, o Palácio do Planalto e Lula promoveram negociações de bastidores para tentar salvar o mandato de Cunha no Conselho de Ética da Câmara.

Em troca, queriam que o presidente da Câmara barrasse a abertura do processo de impeachment contra Dilma.

Diante do agravamento das denúncias que pesam sobre Cunha, porém, a situação do deputado está sendo considerada "insustentável" pelo Planalto e por petistas.

Na noite de quinta-feira, o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito para investigar Cunha, suspeito de desviar recursos da Petrobras para contas secretas mantidas por ele e seus familiares na Suíça.

As articulações para livrar Cunha da cassação abriram uma guerra entre as correntes do PT e, após o vazamento da notícia, o Instituto Lula divulgou nota para desmentir que o ex-presidente tenha feito articulações para proteger o deputado no Conselho de Ética.

Pesou para a revolta de grupos do PT, ainda, o fato de Cunha ter sugerido a emissários de Dilma a demissão de Cardozo. Em público, o presidente da Câmara nega essa exigência.

Lula e integrantes da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no PT, também avaliam que Cardozo não controla a Polícia Federal e deveria deixar o cargo. Para eles, a Operação Lava Jato não pode se transformar na agenda do País.

Cardozo disse ao jornal O Estado de S. Paulo que Cunha "deve ter as suas razões" quando pede a saída dele da pasta.

"Muitas pessoas têm ficado desgostosas com a minha postura de garantir a autonomia das investigações da Polícia Federal e de só atuar em caso de evidências de abusos e ilegalidades", afirmou Cardozo.

"Se é verdade que o presidente da Câmara quer a minha saída, deve ter as suas razões. Cabe a ele explicitá-las", afirmou.

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffEduardo CunhaJoaquim LevyLuiz Inácio Lula da SilvaPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Recuperação da popularidade de Lula perde fôlego e reprovação chega a 40%, diz Datafolha

Itamaraty entrega a autoridades italianas pedido de extradição de Carla Zambelli

Moraes diz em julgamento no STF que redes sociais permitem ações 'criminosas' contra crianças

MP do governo prevê mudança em cargos da Receita Federal com custo de R$ 12,9 milhões por ano