Brasil

Em meio ao julgamento de Bolsonaro, Barroso afirma que tribunais são 'vitais' contra autoritarismo

Em palestra na Corte de Cassação francesa, presidente do STF defendeu o papel das cortes constitucionais

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 8 de setembro de 2025 às 21h28.

Tudo sobreSupremo Tribunal Federal (STF)
Saiba mais

Em uma palestra nesta segunda-feira na Corte de Cassação francesa, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, defendeu o papel das cortes constitucionais como guardiãs da democracia diante do avanço do populismo autoritário. A fala do ministro ocorre em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

A apresentação, feita em francês, teve como tema “Democracia e o papel das cortes constitucionais” e abordou os desafios enfrentados pelas instituições democráticas no mundo contemporâneo.

Barroso apontou que, embora os golpes militares clássicos tenham se tornado raros, a erosão democrática continua a ocorrer por dentro do sistema.

O presidente do STF também abordou o debate sobre a legitimidade democrática das cortes constitucionais, destacando que elas exercem um papel vital na proteção da Constituição e dos direitos fundamentais, mas não podem agir sozinhas.

Segundo o ministro, os tribunais constitucionais têm um papel vital, mas não são suficientes por si só e precisam contar com o apoio de outras instituições democráticas.

Ao comparar os modelos brasileiro e francês de controle de constitucionalidade, Barroso explicou que o Brasil adota um sistema misto, com controle concentrado e difuso, enquanto a França utiliza o mecanismo da “question prioritaire de constitutionnalité” (QPC).

Barroso também fez referência ao contexto político brasileiro recente, marcado por tensões entre o populismo autoritário e as instituições democráticas. O ministro explorou em sua apresentação as tensões entre o populismo autoritário e as instituições democráticas.

Na conclusão, o presidente do STF fez um apelo à preservação dos valores democráticos e ao fortalecimento das instituições.

Nesta segunda-feira, Barroso já havia se manifestado sobre a análise da trama golpista, que será retomado nesta terça-feira. O presidente do STF disse que o julgamento da ação penal ocorre "à luz do dia", ao contrário do que aconteceria durante a ditadura militar, quando havia um "mundo de sombras".

— O que posso dizer é que, tendo vivido e combatido a ditadura, nela é que não havia devido processo legal público e transparente, acompanhado pela imprensa e pela sociedade em geral. Era um mundo de sombras. Hoje, tudo tem sido feito à luz do dia. O julgamento é um reflexo da realidade. Na vida, não adianta querer quebrar o espelho por não gostar da imagem.

A declaração do presidente do STF ocorre um dia após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), falar em "tirania" do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e de "ditadura de um poder sobre o outro".

Acompanhe tudo sobre:Luís Roberto BarrosoSupremo Tribunal Federal (STF)Jair Bolsonaro

Mais de Brasil

Lula defende COP30 em Belém e diz que mercado vai regular preços de hotéis

Moraes rejeita preliminares das defesas e julgamento da trama golpista segue para o mérito

Escalada de tom de Tarcísio fortalece candidatura, mas pode afastar moderados, dizem analistas

Defesa Civil emite alerta severo para 111 municípios de São Paulo devido ao risco de tempo seco