Vale destacar que, para a maioria dos brasileiros (57%), o deslocamento ainda é curto, entre 6 e 30 minutos. (NurPhoto/Getty Images)
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Publicado em 13 de outubro de 2025 às 13h57.
O Censo 2022, divulgado recentemente pelo IBGE, revelou um dado que contraria o senso comum: São Paulo não lidera o ranking de tempo gasto no trajeto casa-trabalho.
Cerca de 1,3 milhão de brasileiros — ou 1,8% dos trabalhadores — levam mais de duas horas para chegar ao trabalho, e o estado do Rio de Janeiro é quem se destaca negativamente nesse cenário.
Embora o Sudeste concentre o maior número absoluto de pessoas com longos deslocamentos, a região Norte apresenta a maior proporção, com 2,3% dos trabalhadores da região enfrentando mais de duas horas de trajeto.
O Sudeste aparece logo em seguida, com 2,2%, enquanto o Sul registra a menor taxa, com apenas 0,7%.
No entanto, ao observar os municípios com mais de 100 mil habitantes, o estado do Rio de Janeiro domina de forma absoluta.
A cidade de Queimados, na Baixada Fluminense, lidera o ranking nacional: são 12,5% dos trabalhadores gastando mais de duas horas no trajeto. Além disso, das 20 cidades com os piores tempos no país, 11 são fluminenses.
Nas capitais, a diferença também surpreende, já que, enquanto 5,6% dos trabalhadores da cidade do Rio enfrentam mais de duas horas de deslocamento, em São Paulo, esse percentual é de 3,4%.
Vale destacar que, em números absolutos, a capital paulista tem mais pessoas nessa situação — 151 mil contra 92 mil no Rio —, mas a proporção em relação à população trabalhadora é menor.
O perfil de quem mais passa tempo no transporte reflete as desigualdades estruturais da sociedade brasileira. Os trabalhadores de menor renda per capita são os mais afetados pelos longos trajetos, já que costumam morar em regiões periféricas e distantes dos centros de emprego.
A questão racial também se destaca, uma vez que, 16,4% das pessoas negras enfrentam deslocamentos de pelo menos uma hora, contra 10,4% das pessoas brancas nessa situação. A população indígena também fica à frente, com 12,2%.
Por sua vez, os homens (2,1%) são a maioria na faixa de mais de duas horas, em comparação com as mulheres (1,3%). Essa diferença pode estar relacionada tanto ao tipo de ocupação quanto à localização dos empregos.
Os meios de transporte também influenciam diretamente o tempo gasto. Os modais com maior proporção de viagens acima de duas horas são:
Desta forma, quem depende de transporte coletivo de alta capacidade — comum nas grandes metrópoles — enfrenta os trajetos mais demorados.
Vale destacar que, para a maioria dos brasileiros (57%), o deslocamento ainda é curto, entre 6 e 30 minutos.