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Em SP, 1 em cada 4 trabalhadores gasta mais de 1 hora no trajeto para empresa

Censo 2022 revela que os deslocamentos longos se tornaram rotina na capital, enquanto a maioria dos brasileiros chega ao trabalho em menos de meia hora

90,9% dos usuários de trem ou metrô passam mais de meia hora no trajeto, percentual que supera todos os outros meios de transporte. (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

90,9% dos usuários de trem ou metrô passam mais de meia hora no trajeto, percentual que supera todos os outros meios de transporte. (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 9 de outubro de 2025 às 10h16.

Um em cada quatro trabalhadores da cidade de São Paulo leva entre uma e duas horas no trajeto até o trabalho. Esse dado faz parte do Censo Demográfico 2022: Deslocamentos para trabalho e estudo, divulgado nesta quinta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com a publicação, 24,5% dos trabalhadores da capital paulista gastam até duas horas no trajeto casa-trabalho — superando em mais do que o dobro a média nacional de 10,5%.

Além disso, são 152 mil paulistanos ultrapassando as duas horas de trajeto diariamente, colocando a cidade na segunda colocação dessa faixa de tempo.

Segundo o IBGE, os novos dados evidenciam o problema urbano que ainda prevalece na capital paulista e evidência discussões sobre tempo de qualidade, saúde mental e novos modelos de trabalho que minimizam a rotina exaustiva do trabalhador.

Contraste entre a capital e o país em todas as faixas de tempo

A distribuição dos tempos de deslocamento mostra que São Paulo está na contramão do padrão brasileiro em praticamente todas as faixas analisadas pelo IBGE.

Enquanto 10,4% dos trabalhadores do país levam até cinco minutos para chegar ao trabalho, na capital esse percentual cai para 3,9%, refletindo tanto a expansão territorial da cidade quanto o distanciamento entre áreas residenciais e centros de emprego.

Comparativo Brasil x São Paulo:

  • Até 5 minutos: 10,4% (Brasil) | 3,9% (São Paulo)
  • 6 a 30 minutos: 56,8% (Brasil) | 36,6% (São Paulo)
  • 30 minutos a 1 hora: 20,5% (Brasil) | 31,6% (São Paulo)
  • 1 a 2 horas: 10,5% (Brasil) | 24,5% (São Paulo)
  • Mais de 2 horas: 1,8% (Brasil) | 3,4% (São Paulo)

Dessa forma, fica claro que os deslocamentos intermediários e longos, que somados representam 56,1% dos trabalhadores da capital, viraram regra na rotina paulistana.

Transporte coletivo ainda move a maioria

Com a maioria dos paulistanos levando mais de 30 minutos no trajeto até o trabalho, o transporte público é mais do que essencial para a mobilidade na cidade. Sendo assim, o ônibus é quem lidera como principal meio de transporte, atendendo 36,1% dos trabalhadores.

Logo na sequência vem o carro, que responde por 32,2% dos trajetos, e leva cerca de 2,4 milhões de veículos para as ruas diariamente.

Os outros modais são:

  • Deslocamento a pé: 12,9%
  • Trens e metrô: 10,2%
  • Motocicleta: 4,9%
  • Bicicleta: 1,1%

Vale ressaltar que São Paulo conta com outro ponto incomum quando comparado ao cenário nacional. Sozinha, a cidade concentra 66,4% de todos os usuários de trem ou metrô do país.

Metrô e trem concentram os trajetos mais longos

Embora a concentração urbana de São Paulo se destaque com a grande malha do sistema metroferroviário, isso não garante deslocamentos rápidos para os trabalhadores.

De acordo com o levantamento IBGE, 90,9% dos usuários de trem ou metrô passam mais de meia hora no trajeto, percentual que supera todos os outros meios de transporte.

Tempo de deslocamento

Ônibus:

  • 75,3% gastam mais de meia hora até 2 horas

Motocicleta:

  • 41,5% levam mais de 30 minutos

Automóvel:

  • 14,2% levam entre 1 e 2 horas
  • 16,9% ficam na faixa de 6 a 15 minutos

E, apesar do cenário da capital ser desafiador, a questão da mobilidade urbana também aparece em outros municípios.

O IBGE apontou que, dos 20 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes que apresentam o maior percentual de trabalhadores com deslocamento superior a duas horas, sete ficam no estado de São Paulo.

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