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Entre homenagens e lacunas: morte de Marielle perto de completar um ano

Vereadora assassinada no Rio foi homenageada no sambódromo; polícia e ministério público seguem sem respostas para o crime

Carnaval: Marielle foi homenageada em desfile da Mangueira no Rio (Pilar Olivares/Reuters)

Carnaval: Marielle foi homenageada em desfile da Mangueira no Rio (Pilar Olivares/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de março de 2019 às 06h22.

Última atualização em 6 de março de 2019 às 06h49.

Prestes a completar um ano da morte da ex-vereadora Marielle Franco, a Mangueira fez uma homenagem à ativista na segunda-feira (4) ao levar para a avenida um enredo sobre heróis esquecidos da história do Brasil. Pobres, negros e índios foram os protagonistas do desfile que empolgou o público e especialistas. A escola verde e rosa foi eleita pelo jornal O Globo a melhor do carnaval 2019 e está entre as favoritas a levar o prêmio deste ano. A apuração será realizada nesta quarta-feira (6).

Mônica Benício, viúva de Marielle, disse ao Globo que a apresentação era uma forma de “resignificar a barbárie do dia 14 de março”, data do assassinato da ex-vereadora e do motorista Anderson Gomes. Ela estava acompanhada pelo senador Marcelo Freixo e pelo ex-candidato ao governo do Rio de Janeiro Tarcísio Mota, ambos do PSOL.

Também esteve presente na Sapucaí o deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL) que foi um dos responsáveis por quebrar a placa com o nome de Marielle. Mangueirense, ele se disse chateado com a homenagem a Marielle. “Há uma dominação cultural por parte da esquerda, que atingiu também os carnavalescos, que estão fazendo esse tipo de samba ‘lacrador’, como a esquerda gosta de dizer” afirmou ao jornal Extra.

Na comissão de frente, Cacá Nascimento abriu uma faixa com a palavra “presente”, Alcione representou Dandara e Nelson Sargento foi Zumbi. Já a rainha dos ritmistas, Evelyn Bastos, foi Esperança Garcia. Mas a ausência também ecoou na avenida. Luyara Santos, filha de Marielle Franco, disse que a Mangueira não a convidou para participar do desfile que participou da homenagem feita para sua mãe pela escola Vila Isabel. “O carnaval é resistência e é importante marcar nosso lugar de resistência”, afirmou ao  Globo.

Apesar dos inúmeros protestos ao longo do último ano, a polícia Civil e o Ministério Público do Rio ainda não chegaram aos mandantes do crime. Por isso, paralelamente às investigações, a Polícia Federal apura se há irregularidades na condução do caso. No dia 21 de fevereiro, a PF cumpriu oito mandados de busca e apreensão, incluindo o endereço de Domingos Brazão, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado e ex-deputado estadual pelo MDB.

A Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro investiga se o policial civil Rafael Luz Souza, conhecido como Pulgão, também participou do assassinato, de acordo com o UOL, nesta quarta-feira (6). Preso desde julho do ano passado, Pulgão é apontado pela Corregedoria da Polícia Civil como chefe de uma milícia que atua nos bairros de Realengo, Bangu e Padre Miguel, na zona oeste do Rio. Um eventual título da Mangueira nesta quarta-feira e a aproximação do 14 de março colocam ainda mais pressão para uma resolução do caso.

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