Brasil

Esquema de corrupção se formou fora da Petrobras, diz Foster

"O esquema de corrupção, pelos dados que tenho, se formou fora da Petrobras", disse a ex-presidente da estatal

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de março de 2015 às 15h50.

Brasília - A ex-presidente da Petrobras Maria das Graças Foster afirmou nesta quinta-feira, 26, que a corrupção que envolve a estatal teve origem fora da companhia. "O esquema de corrupção, pelos dados que tenho, se formou fora da Petrobras", disse.

A executiva ressaltou que a atuação do Tribunal de Contas da União (TCU) ajudou a gestão da Petrobras.

Ela defendeu ainda o modelo de administração e governança da estatal. "A gestão interna da Petrobras é suficientemente boa, tanto é que tem passado pelos auditores."

Sobre licitações, Graça disse que nunca presenciou nenhum tipo de irregularidade. "Como diretora, eu jamais soube quem seria o vencedor de uma licitação até a hora que os envelopes eram abertos", disse.

Com relação à formação de cartéis, Graça disse que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) está avaliando se eles de fato existem. "Temos excelentes empresas que hoje a Petrobras não pode contratar, porque estão sendo acusadas de fazerem parte de um cartel", afirmou.

Abreu e Lima

Foster disse também que o principal problema da refinaria de Abreu e Lima foi uma sucessão de mudanças no projeto. Segundo ela, a falta de um projeto básico gerou aditivos e mais aditivos. "Esse é um problema", avaliou.

Sobre o projeto do gasoduto Gasene, Graça afirmou que continua orgulhosa, mas envergonhada por causa do pagamento de propinas, revelado pelo ex-gerente de serviços da Petrobras Pedro Barusco. "Gostaria que isso tudo fosse mentira e que não houvesse propina alguma", disse.

Segundo ela, o projeto do gasoduto foi finalizado com custo 20% acima do previsto. "Considero a média 20% adequada", disse, ressaltando que não houve prejuízo no empreendimento.

Barusco

A ex-presidente da Petrobrás afirmou que não acredita na fala do ex-gerente de serviços da estatal Pedro Barusco, que afirmou ter recebido propina sozinho. "Não consigo imaginar como pode ser verdadeira a fala do Barusco."

Graça responde ao bloco de perguntas do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). Segundo ela, a Petrobras fez investigações nos contratos e entrou em contato com a SBM Offshore, que afirmou ter pagado propinas, mas não disse quanto nem para quem. "É um processo em curso", disse.

"Tão logo soubemos da propina, cancelamos qualquer relação comercial com a SBM", afirmou, tratando como positivo um acordo de leniência com a empresa. "Fica mais competitivo", afirmou.

Desinvestimentos

Foster disse também foram necessários desinvestimentos nos últimos anos. "Estávamos acostumados a investir, investir e investir. Só que a Petrobras, em 2012, já não aguentava mais", afirmou.

Segundo ela, a estatal fez um desinvestimento nos anos de 2011, 2012 e 2013, que alcançou cerca de US$ 11 bilhões de dólares. "Foi necessário fazer", disse.

Neste momento, o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), terminou os questionamentos iniciais e o espaço foi aberto para que outros parlamentares interpelem a gestora.

Acompanhe tudo sobre:Executivos brasileirosGraça FosterMulheres executivasOperação Lava JatoPolítica no Brasil

Mais de Brasil

Brasil pode ser líder em aço verde se transformar indústria com descarbonização, dizem pesquisadores

Cassinos físicos devem ser aprovados até 2026 e temos tecnologia pronta, diz CEO da Pay4fun

Com aval de Bolsonaro, eleição em 2026 entre Lula e Tarcísio seria espetacular, diz Maia

Após ordem de Moraes, Anatel informa que operadoras bloquearam acesso ao Rumble no Brasil