Brasil

Esta é a questão do Enem que fez Bolsonaro decidir fiscalizar a prova

Presidente eleito afirmou que terá acesso à prova do Enem antes de sua aplicação em 2019. Veja a questão que motivou a decisão

Enem 2018 (Valter Campanato/Agência Brasil)

Enem 2018 (Valter Campanato/Agência Brasil)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 10 de novembro de 2018 às 13h19.

Última atualização em 10 de novembro de 2018 às 17h19.

São Paulo – O que que faz com que um dialeto adquira o status de patrimônio linguístico? Este era o tema central da pergunta da prova de Linguagens do Enem, no domingo, 4, de que Jair Bolsonaro não gostou. Amanhã, 11, o Enem 2018 volta a ser aplicado, com questões sobre ciências da natureza e matemática. Ao todo, 5.513.726 estudantes estão inscritos. 

Em transmissão nas redes sociais na sexta-feira, 9, ele disse que no ano que vem vai querer conhecer previamente as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No domingo passado 4,1 milhões de estudantes fizeram a prova. 

Jair Bolsonaro disse que quer evitar que a prova traga temas polêmicos ligados à ideologia de gênero. É que uma questão de interpretação de texto trouxe o exemplo de dialeto pajubá, um “dialeto secreto de gays e travestis”, segundo consta na prova.

Confira a questão completa:

(questão de prova do ENEM 2018/Reprodução)

A resposta correta é a letra C nesta versão Prova Amarela. Não é necessário conhecer o vocabulário pajubá. O que o aluno deveria ter compreendido, segundo professores, é que na opinião do advogado citado no texto a existência de um dicionário, que é um objeto formal de registro, dá o status de patrimônio linguístico. A menção a um dicionário era o indicativo principal de qual era a resposta certa, na questão de interpretação de texto.

Mas a escolha do pajubá irritou Bolsonaro, porque, segundo ele, a questão pode obrigar  jovens a se interessarem pelo dialeto:

“Essa prova do Enem, vão falar que eu estou implicando, mas pelo amor de Deus, aquela linguagem particular daquelas pessoas, o que nós temos a ver com isso, meu Deus do céu, vamos ver o significado daquelas palavras, é um absurdo”.

 Na prova não há a tradução do dialeto. Especialistas consultados pela SUPER traduziram o texto: "E aí, mulher! Não se faça de desentendida e pague meu dinheiro, deixe de mentiras se não eu puxo teu cabelo!”

 Na transmissão ao vivo, Jair Bolsonaro garantiu que terá acesso à prova antes de ela ser aplicada: “Fiquem tranquilos, não vai haver questão dessa forma o ano que vem. Vamos tomar conhecimento da prova antes. Não vai ter isso daí”. Hoje em dia, nem o presidente da República, nem o ministro da Educação têm acesso à prova.

Na transmissão ao vivo ontem, o presidente eleito começa a falar do Enem, no minuto 23.57:

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:EnemLGBTJair Bolsonaro

Mais de Brasil

Alcolumbre: Senado votará indicação de Messias 'no momento oportuno'

1ª Turma do STF mantém prisão preventiva de Bolsonaro em decisão unânime

STF forma maioria para manter prisão preventiva de Bolsonaro

Messias elogia Alcolumbre e tenta quebrar resistência no Senado