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Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 7 de março de 2025 às 06h00.
Última atualização em 7 de março de 2025 às 09h42.
Os estados chamados de Onças Brasileiras — Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina — se consolidaram nos últimos anos como novos motores da economia nacional, em um movimento semelhante ao dos Tigres Asiáticos, conjunto de países como a Coreia do Sul e Cingapura que puxaram o crescimento do continente asiático.
O dinamismo econômico dessas regiões, aliado a investimentos em infraestrutura e maior autonomia financeira, reflete diretamente na qualidade de vida da população, com melhor avaliação nos setores de saúde, educação e segurança, segundo dados exclusivos da pesquisa Futura/Apex sobre Desenvolvimento Humano nos estados brasileiros.
"Esses mercados possuem forte desenvolvimento agro, industrial e imobiliário, além de governos sólidos, que atuam com eficiência econômica", afirma Paula Orrico, Head de Dados da Apex Partners.
Enquanto 41,1% dos brasileiros avaliam a educação pública como “ótima ou boa”, nas Onças esse índice sobe para 54,9%. O mesmo ocorre na saúde, onde 43,6% da população desses estados aprova o serviço, contra 30,4% no restante do país. A segurança também aparece melhor avaliada, com 68,3% dos moradores das Onças afirmando que se sentem seguros, enquanto no Brasil esse número cai para 49,7%.
"A equipe se perguntou se essa população, por ser mais escolarizada, teria um olhar mais crítico e isso afetaria a avaliação. Mas o que observamos foi o contrário: mesmo sendo mais exigente, essa população percebe uma qualidade superior nos serviços básicos de saúde, segurança e educação", afirma Orrico.
A exemplo dos Tigres Asiáticos, que reduziram a dependência externa e apostaram na industrialização e no comércio internacional, as Onças Brasileiras registram taxa de investimento estadual de 10%, acima da média nacional de 8%. Estados como Espírito Santo e Mato Grosso lideram, com 13%. Além disso, possuem maior independência financeira, com grau de dependência de repasses federais de 25%, contra 42% do Brasil.
"Esses estados possuem governos sólidos, boas gestões e equilíbrio fiscal, fatores que permitem maiores investimentos. No Espírito Santo, por exemplo, a taxa de investimento próprio gira em torno de 20%, um índice muito alto", afirma Orrico.
O crescimento econômico também se reflete na geração de empregos. Enquanto a taxa de desemprego nacional alcança 6,4%, nos estados selecionados o índice cai para 3,6%. Santa Catarina (2,8%) e Mato Grosso (2,3%) possuem algumas das menores taxas de desocupação do país.
A segurança pública, tema considerado uma das principais preocupações da população nas últimas pesquisas de opinião, apresenta um cenário distinto nesses seis estados quando comparada ao restante do país. Enquanto a maioria dos brasileiros percebe um aumento da criminalidade, os moradores dessas regiões demonstram maior sensação de segurança.
Segundo Orrico, "nas Onças, a sensação de segurança supera a média nacional. Enquanto quase 70% da população dessas regiões se sente segura, no restante do país esse número não chega a 50%". A percepção mais positiva pode estar relacionada a diferentes fatores, aponta a pesquisadora, como maior estabilidade econômica, menor desigualdade social e políticas públicas locais mais eficientes.
"Nosso levantamento não analisou políticas específicas de cada estado, mas os dados indicam que essas regiões oferecem um ambiente de segurança mais favorável, o que contribui para a melhor avaliação dos serviços públicos", afirma a head de dados da Apex.
Nos estados das Onças Brasileiras, 68,3% da população afirma se sentir segura, enquanto no Brasil esse índice cai para 49,7%. Nos grandes centros urbanos do Sudeste, como Rio de Janeiro e São Paulo, a sensação de insegurança é ainda maior. Nessas capitais, a maioria dos entrevistados menciona crimes como furtos, assaltos e roubos de celulares como os principais problemas enfrentados no dia a dia.
"Quando analisamos os estados das Onças, percebemos que a principal preocupação da população está ligada à violência doméstica e agressões dentro de casa. Já no eixo Rio-São Paulo e em Minas Gerais, os maiores problemas de segurança estão relacionados a crimes patrimoniais, como furtos e assaltos", diz Orrico.
A participação das Onças Brasileiras no comércio internacional se destaca como diferencial estratégico. Esses estados já representam 29% da corrente de comércio exterior, acima de sua participação no PIB nacional, que é de 20%. Espírito Santo, Mato Grosso e Paraná lideram a exportação de produtos agrícolas e industriais.
Além do comércio, o setor imobiliário dessas regiões se mantém aquecido, impulsionado pela qualidade de vida, segundo o estudo da Apex Partners. Balneário Camboriú e Itapema, ambas em Santa Catarina, lideram o ranking de metro quadrado mais valorizado do Brasil, com valores acima de R$ 14 mil/m².