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EUA pode responder à prisão de Bolsonaro com novas sanções e tarifas, diz Eduardo ao ‘FT’

Em entrevista ao jornal britânico, filho do ex-presidente afirmou que disputa deve ser intensificada com a imposição de ‘novas sanções a juízes que se recusarem a encerrar seu julgamento por acusações de golpe’

Eduardo Bolsonaro: deputado afirmou que novas sanções podem ser aplicadas ao Brasil (Alan Santos/PR/Divulgação)

Eduardo Bolsonaro: deputado afirmou que novas sanções podem ser aplicadas ao Brasil (Alan Santos/PR/Divulgação)

Publicado em 11 de agosto de 2025 às 11h16.

Última atualização em 11 de agosto de 2025 às 11h27.

O deputado federal licenciado e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Eduardo Bolsonaro, afirmou nesta segunda-feira, 11, que "os Estados Unidos estão planejando novas sanções" contra o Brasil. Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, Eduardo disse que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, "já esgotou todas as suas opções" em relação ao ex-presidente.

“Trump ainda não. Trump ainda tem a opção de… dobrar a aposta diante da reação de Moraes", afirmou. "Eu sei que [Trump] tem várias possibilidades sobre a mesa, desde sancionar mais autoridades brasileiras, até uma nova onda de cancelamentos de vistos e questões tarifárias."

O deputado afirmou que a disputa deve ser intensificada com a imposição de "novas sanções a juízes que se recusarem a encerrar seu julgamento por acusações de golpe". "Acredito que pode haver uma forte resposta dos EUA, talvez sancionando a esposa de Moraes, que é seu braço financeiro", disse Eduardo. "Talvez uma nova onda de cancelamentos de vistos, [de] aliados de Moraes."

Eduardo deve ter reuniões na Casa Branca nesta quarta-feira, 13, segundo a CNN, em uma nova rodada de conversas com o governo americano.

Prisão de Bolsonaro

Na semana passada, Moraes determinou novas restrições a Bolsonaro, incluindo prisão domiciliar e proibição de comunicação com o filho. A decisão foi tomada sob a alegação de que ambos buscaram apoio estrangeiro para influenciar o caso.

Na decisão, Moraes afirmou que o ex-presidente utilizou as redes sociais de aliados, incluindo seus três filhos parlamentares, para divulgar mensagens com "claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio ostensivo à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro".

Para Moraes, mesmo sem utilizar diretamente seus perfis, o ex-presidente contornou de maneira intencional a restrição que lhe havia sido imposta.

O documento da decisão também destaca que as ações de Bolsonaro evidenciam “a necessidade e adequação de medidas mais gravosas para evitar a continuidade da reiteração delitiva por parte do réu”.

De acordo com o ministro do STF, as medidas cautelares vigentes foram desrespeitadas “mesmo após a imposição anterior de restrições menos severas”, como a proibição do uso das redes sociais e o contato com outros investigados.

Lei Magnitsky e Moraes

Moraes, por sua vez, foi incluído na lista de sanções Magnitsky, mecanismo que bloqueia ativos e impede relações comerciais com cidadãos e empresas americanas. O Tesouro dos EUA justificou a medida apontando práticas de censura e detenções arbitrárias.

Com a aplicação da lei, os bens do magistrado são bloqueados nos EUA, incluindo aqueles que estão sob posse, ou controle, de empresas americanas. Moraes também não poderá realizar transações financeiras com empresas sediadas no país — como bancos, fintechs e plataformas digitais. Na prática, a sanção significa um isolamento financeiro do ministro, uma vez que bancos brasileiros com exposição global podem restringir contas ou cartões por precaução.

De olho no 'tarifaço'

A relação entre Brasília e Washington enfrenta seu pior momento em 200 anos de história, marcada por trocas de acusações, barreiras comerciais e pressões políticas. O estopim é o processo contra Bolsonaro, acusado de tentar permanecer no poder após a derrota eleitoral de 2022.

"Meu objetivo é proteger a democracia, mesmo que isso atraia críticas e ataques", disse Bolsonaro ao FT, rebatendo acusações de que sua atuação no exterior provoca prejuízos econômicos ao país. O deputado afirmou ao jornal que suas "ações têm como foco preservar as instituições e impedir que o julgamento do pai avance sem reação internacional".

As tarifas de 50% impostas por Trump ao Brasil, as mais altas impostas a um parceiro comercial dos EUA até agora, entraram em vigor na semana passada. Estão isentos das taxações produtos como suco de laranja, minérios, aeronaves e petróleo. A lista completa soma cerca de 700 itens. Apesar disso, a taxa continua sobre outros itens importantes da pauta de exportações brasileiras, como a carne e o café, o que deve inviabilizar exportações brasileiras desses itens.

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