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Em SP, motorista fica 30% do percurso preso no trânsito

Faixa de ônibus faz carros ficarem 16% mais tempo parados no trânsito, mostra estudo da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET)


	Avenida 23 de Maio: "as vias já não têm mais espaço para receber os carros", diz engenheiro
 (Fábio Arantes/Prefeitura de São Paulo)

Avenida 23 de Maio: "as vias já não têm mais espaço para receber os carros", diz engenheiro (Fábio Arantes/Prefeitura de São Paulo)

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Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2014 às 15h27.

São Paulo - O estudo anual mais importante da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) mostra que, em São Paulo, nas vias que ganharam faixas exclusivas para ônibus, os carros passaram a ficar presos no trânsito 16% mais tempo em 2013 do que ficavam em 2012 - isso apenas no horário de pico da manhã. No horário de pico da tarde, esse tempo extra no trânsito cresceu 7%.

Analisando o conjunto da cidade - não apenas os lugares que receberam faixa exclusiva -, os motoristas passam 30% do tempo que estão em viagem parados, presos por causa do trânsito ou por causa de semáforo fechado. No horário de pico da tarde, esse porcentual é de 33% do tempo de viagem.

A Pesquisa de Monitoração da Fluidez é um relatório de contagem de veículos, de aferição da velocidade média de vias e, ainda, do chamado "tempo de retardo" - porcentual do tempo. É calculado por técnicos que passam os horários de pico percorrendo as vias, cronometrando tempo andando e parados.

É feito em 220 quilômetros de vias - todos os principais corredores da cidade, Os dados de 2013 foram publicados no site da CET na semana passada.

Segundo o estudo, a velocidade média dos carros nas vias que receberam faixa exclusiva, que até 2012 já era de apenas 18,5 km/h no pico da tarde, chegou a 17,7 km/h em 2013.

A proposta das faixas é justamente livrar os ônibus dessa lentidão toda. Segundo dados da SPTrans também referentes a 2013, depois de implementadas as faixas exclusivas, a velocidade média dos ônibus cresceu de 14 km/h para 20 km/h, em média (45%).

Vale destacar ainda que, segundo os especialistas, a redução da velocidade média e o aumento do tempo que os carros ficam parados não são "culpa" das faixas. Eles vêm caindo desde que o estudo começou a ser feito, nos anos 1990. "As vias já não têm mais espaço para receber os carros", diz o engenheiro Horácio Augusto Figueira.

Faixas

Os números mostram contradições pela capital. Em locais como o corredor formado pelas Avenidas Paulista e Doutor Arnaldo, que contam com uma rede de transporte de massa (metrô), a chegada das faixas exclusivas fez o tempo médio que os carros ficam parados, presos no trânsito, cair 4% no horário da manhã.

Mas não espere dados animadores: isso significa que a velocidade média ali subiu de 7 km/h para 10 km/h.

Por outro lado, na Avenida Pedro Álvares Cabral, no Ibirapuera, os carros agora ficam 177% mais tempo parados, esperando o semáforo abrir ou o trânsito fluir. A velocidade média caiu de 14,2 km/h para apenas 6,7 km/h (velocidade de uma pessoa andando), na pista sentido Ibirapuera, no horário de pico da tarde.

"Tem locais em São Paulo que eu decidi evitar. Só passo se é madrugada, se é manhã de domingo. Aqui é um", afirma o engenheiro João Zanutto Peres, de 44 anos.

Volumes

O diretor de Planejamento, Projetos e Educação de Trânsito da CET, Tadeu Leite Duarte, um dos 15 profissionais que assina o estudo, lembra que as faixas de ônibus tiram de 33% a 50% do espaço destinado para os carros de cada via - porque pegam um espaço de ruas com duas ou três faixas.

"O tempo de congestionamento, ou a extensão da lentidão, não cresceu nesta proporção justamente porque deve ter ocorrido a migração de parte dos motoristas para o transporte público", avalia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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