Apreensão de bebida falsificada em Hortolândia (SP): Durante a ação policiais encontraram 1.258 garrafas cheias de bebidas de diferentes marcas, além de 8.800 garrafas vazias, entre outros itens (Governo de SP/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 11 de outubro de 2025 às 15h12.
A polícia civil de São Paulo prendeu três pessoas e fechou três fábricas clandestinas de bebidas entre esta sexta-feira, 10, e sábado, 11, em resposta à crise de saúde pública provocada por intoxicações e mortes causadas por metanol, substância altamente tóxica e proibida para consumo humano.
As operações ocorreram nos municípios de São Bernardo do Campo, Hortolândia e Tatuí, onde foram apreendidas milhares de garrafas, galões de líquidos, tampas, rótulos e outros insumos usados para falsificar bebidas alcoólicas.
As ações fazem parte da força-tarefa do gabinete de crise instituído pelo governo do estado no final de setembro para combater a venda e fabricação de bebidas contaminadas.
Em São Bernardo do Campo, a polícia localizou a origem de um lote de bebidas que teria causado a morte de ao menos uma pessoa em setembro.
Já em Hortolândia e Tatuí, as denúncias levaram a locais com estoques industriais de bebidas e insumos irregulares.
A investigação que levou à operação em São Bernardo do Campo começou após a morte de um homem intoxicado em 16 de setembro, quatro dias depois de passar mal ao consumir bebida em um bar da cidade.
A perícia detectou metanol em oito de nove garrafas apreendidas, com índices que variavam entre 14,6% e 45,1%.
Durante coletiva, o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, afirmou que a bebida havia sido adquirida de uma distribuidora não autorizada, que utilizava etanol comprado em um posto de combustíveis.
“O falsificador foi no posto comprar etanol para falsificar a bebida, e o dono do posto vendeu etanol falsificado com metanol”, explicou.
Das 300 amostras analisadas pela Polícia Científica, metade apresentou presença de metanol em níveis elevados. A operação resultou na prisão de uma mulher envolvida na produção das bebidas; seu marido, também investigado, está foragido.
Além da fábrica em São Bernardo, os policiais realizaram buscas em São Caetano do Sul e na capital paulista, recolhendo garrafas, celulares e materiais químicos. O caso segue sob investigação.
Em Hortolândia, região de Campinas, a Polícia Militar descobriu uma fábrica clandestina operando no Jardim São Bento.
A ação foi iniciada a partir de uma denúncia anônima. No local, um homem de 27 anos foi preso em flagrante.
Foram apreendidas 1.258 garrafas com bebida, 8.800 garrafas vazias, 5 mil tampas, centenas de lacres e mais de 30 galões cheios de substâncias semelhantes ao álcool.
Também havia rótulos falsificados, selos de importação e maquinário para envase.
O Instituto de Criminalística recolheu amostras para análise. O suspeito foi autuado por falsificação, corrupção e adulteração de produto destinado a fins terapêuticos, além de crime contra as relações de consumo.
Em Tatuí, no interior paulista, uma denúncia levou a Polícia Civil a um depósito onde operava uma fábrica de bebidas adulteradas. No local, um adolescente de 17 anos informou trabalhar no esquema há cerca de um ano, manuseando líquidos e realizando o envase de garrafas.
Foram apreendidos mais de 800 vasilhames vazios, tonéis com líquidos manipulados e 210 litros de destilados armazenados em galões.
O ambiente apresentava condições sanitárias precárias e também armazenava materiais ligados a rinhas de galo.
O responsável, de 42 anos, foi localizado em outro imóvel e preso em flagrante. Ele alegou que se tratava de “produção artesanal”. Também foram recolhidas 1.771 tampas, 1.252 rolhas, rótulos, pigmentos e dois celulares. O adolescente foi ouvido e liberado, devendo responder perante a Vara da Infância e Juventude.
Desde o dia 30 de setembro, o governo de São Paulo mantém um gabinete de crise voltado ao combate da contaminação por metanol. A força-tarefa é composta por representantes das secretarias de Saúde, Segurança Pública, Fazenda, Justiça e Desenvolvimento Econômico, com apoio das vigilâncias sanitárias municipais.
Entre as medidas, estão a interdição cautelar de estabelecimentos suspeitos e o recolhimento sistemático de garrafas para perícia. A fiscalização também deve se expandir para postos de combustíveis, apontados como possível origem da substância usada na adulteração.