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Fim da obstrução da oposição tem polícia legislativa, deputado resistindo e Motta cercado

Parlamentares bolsonaristas alegaram um acordo com o presidente da Câmara para novas votações; liberação ocorreu após dois dias de protestos

Câmara dos Deputados: parlamentares da oposição alegam acordo com Hugo Motta. (Marina Ramos/Câmara dos Deputados)

Câmara dos Deputados: parlamentares da oposição alegam acordo com Hugo Motta. (Marina Ramos/Câmara dos Deputados)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 7 de agosto de 2025 às 07h58.

Última atualização em 7 de agosto de 2025 às 08h07.

O fim da obstrução bolsonarista aos trabalhos da Câmara aconteceu de maneira tensa e precisou quase ser forçado pelo presidente da Casa, Hugo Motta (República-PB). Mesmo com o chefe da Casa Legislativa presente no plenário, deputados bolsonaristas resistiram a se retirar da cadeira onde as sessões são conduzidas e só saíram após cerca de dez minutos.

Durante o intervalo de tempo, Motta esteve acompanhado no plenário por agentes da Polícia Legislativa e também por deputados que tentaram amenizar a situação e conversaram com deputados bolsonaristas para tentar convencê-los a saírem da Mesa Diretora, como o líder do PP, Doutor Luizinho (RJ), e o vice-presidente da Casa, Altineu Cortes (PL-RJ).

A deputada Júlia Zanatta (PL-SC) foi uma das que sentou na cadeira de Motta. Ela levou a filha de quatro meses para acompanhá-la. Poucos minutos depois de o presidente da Casa chegar no Plenário, ela se retirou, mas foi substituída por outros deputados bolsonaristas.

Antes de Motta retomar a mesa da Câmara, deputados da oposição e da base fizeram disputa de palavras de ordem. Do lado bolsonarista foi entoado o grito “anistia já”, já do lado governista foi “sem anistia”.

Acordo traçado entre o presidente da Casa e líderes partidários em reunião feita entre o final da tarde e o início da noite de hoje estabeleceu que haveria sessão hoje às 20h30 e que quem resistisse a desocupar teria o mandato suspenso por seis meses e seria removido pela polícia legislativa. Apesar disso, bolsonaristas se recusaram a desocupar o Plenário.

Após dois dias de protestos, Câmara dos Deputados é liberada por parlamentares

A desocupação só aconteceu cerca de duas horas depois, tempo em que Motta tentou um acordo com a oposição, que não foi possível de ser alcançado. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), e outros deputados do PL tiveram reuniões com o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e com Motta, mas se mostraram irredutíveis e só falaram que desocupariam o plenário com a aprovação da anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Diante da falta de acordo, Motta tentou retomar a sessão mesmo assim. O presidente da Casa chegou a abrir a reunião do plenário, fez um discurso em que pregou uma conciliação, mas encerrou a sessão sem fazer nenhuma votação. Também ficou decidido que terá sessões de votações amanhã na Câmara e no Senado.

A oposição afirmou ter conseguido um acordo para uma votação referente a anistia dos envolvidos no ato de 8 de janeiro e pelo fim do foro privilegiado para congressistas. O Governo e Motta negaram qualquer negociação.

A obstrução havia começado na tarde desta terça-feira. Ela começou após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, na noite de segunda-feira. Integrantes da oposição usaram a paralisação para pressionar a Câmara a pautar o projeto que anistia os envolvidos nos atos do 8 de Janeiro e cobraram o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), a dar andamento aos pedidos de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

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