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Fux diverge de Moraes sobre restrições a Bolsonaro, e julgamento no STF termina 4 a 1

Primeira Turma confirma medidas contra ex-presidente

Em seu voto, Fux disse não vislumbrar elementos que justifiquem a imposição das restrições determinadas por Moraes (Nelson Jr./SCO/STF/Flickr)

Em seu voto, Fux disse não vislumbrar elementos que justifiquem a imposição das restrições determinadas por Moraes (Nelson Jr./SCO/STF/Flickr)

Agência o Globo
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Publicado em 22 de julho de 2025 às 06h21.

Última atualização em 22 de julho de 2025 às 06h24.

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta segunda-feira, 21, contra a decisão dada pelo ministro Alexandre de Moraes que impôs o uso de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro, além de outras medidas cautelares. Ele foi o único integrante da Primeira Turma a discordar do relator do caso, e o julgamento terminou com 4 votos a 1 a favor das limitações determinadas ao ex-presidente. A análise ocorreu no plenário virtual.

Em seu voto, Fux disse não vislumbrar elementos que justifiquem a imposição das restrições determinadas por Moraes, que incluem ainda a proibição de uso de redes sociais, direta ou indiretamente. Horas antes, nesta segunda-feira, o relator mandou intimar os advogados de Bolsonaro para que explique possíveis descumprimento das cautelares após o ex-presidente fazer um pronunciamento na Câmara, sob pena de prisão imediata.

"Verifico que a amplitude das medidas impostas restringe desproporcionalmente direitos fundamentais como a liberdade de ir e vir e a liberdade de expressão e comunicação, sem que tenha havido a demonstração contemporânea, concreta e individualizada dos requisitos que legalmente autorizariam a imposição dessas cautelares", escreveu Fux.

STF tem maioria para manter decisão de Alexandre de Moraes

Após Moraes, o segundo voto foi proferido ainda na sexta-feira pelo ministro Flávio Dino, que seguiu o relator. A maioria foi atingida com o voto do ministro Cristiano Zanin. O quarto voto foi proferido pela ministra Cármen Lúcia, enquanto o quinto, já nesta segunda, ficou a cargo de Fux.

Em seu voto, Dino disse que a coação praticada por Bolsonaro assume uma "forma inédita: o “sequestro” da economia de uma Nação, ameaçando empresas e empregos, visando exigir que o Supremo Tribunal Federal pague o “resgate”, arquivando um processo judicial instaurado a pedido da Procuradoria-Geral da República, sob a regência exclusiva das leis brasileiras".

"O Direito Constitucional Comparado registra intervenções armadas contra Tribunais cassações de magistrados, “court packing plan”, dissolução política de Cortes. Mas esse “sequestro” certamente merecerá muitos estudos acadêmicos, inclusive nas Universidades dos Estados Unidos, por seu caráter absolutamente esdrúxulo", apontou Dino.

Já Cármen Lúcia afirmou que necessidade da manutenção das medidas cautelares decretadas na decisão de Moraes "está evidenciada pelas numerosas postagens juntadas no processo, nas quais constam indícios de esforços desenvolvidos por Eduardo Nantes Bolsonaro e Jair Messias Bolsonaro para interferir no regular trâmite da Ação Penal n. 2.688, na qual Jair Bolsonaro é réu".

Por que Alexandre de Moraes impôs medidas cautelares a Bolsonaro?

As medidas cautelares foram determinadas por Moraes após a Polícia Federal apontar que Bolsonaro, e o filho, Eduardo Bolsonaro, vêm atuando, ao longo dos últimos meses, junto a autoridades governamentais dos Estados Unidos da América, com o intuito de obter a imposição de sanções contra agentes públicos do Estado Brasileiro”, em razão de suposta perseguição.

Na decisão submetida à Primeira Turma, Moraes afirma que Bolsonaro cometeu “claros e expressos atos executórios” e fez “flagrantes confissões” de crimes como coação no curso do processo, obstrução de investigação e atentado à soberania nacional. O relator sustenta que as condutas do ex-presidente têm como objetivo pressionar o governo norte-americano para interferir em investigações em curso no Brasil, especialmente na Ação Penal 2668, que trata da tentativa de golpe de Estado.

A Polícia Federal (PF) cumpriu na sexta-feira mandados de busca e apreensão na casa de Bolsonaro, em Brasília, e também na sede do PL, seu partido.

Em nota, a corporação afirmou que cumpriu "dois mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, em cumprimento a decisão do Supremo Tribunal Federal".

Bolsonaro é réu, em ação penal que tramita no STF e analisa se houve uma tentativa de golpe de Estado. Na segunda-feira, a PGR apresentou as alegações finais no caso e pediu para o ex-presidente ser condenado por cinco crimes.

Quais são as medidas cautelares impostas a Bolsonaro?

O ex-presidente deverá cumprir recolhimento domiciliar entre 19h e 6h de segunda a sexta e em tempo integral nos fins de semana e feriado; ser monitorado com tornozeleira eletrônica; não poderá manter contato com embaixadores, autoridades estrangeiras e nem se aproximar de sedes de embaixadas e consulados. As medidas foram pedidas pela Polícia Federal (PF), com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR).

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