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Geddel perde foro e pode fechar delação, diz especialista

Em uma investigação contra Geddel, a Justiça de primeira instância seria responsável por aceitar e conduzir um processo penal

Geddel: "eventualmente ele se torna alguém que pode fazer uma delação premiada e consolidar uma eventual guinada da Operação Lava Jato ao PMDB", diz o especialista (Ueslei Marcelino/Reuters)

Geddel: "eventualmente ele se torna alguém que pode fazer uma delação premiada e consolidar uma eventual guinada da Operação Lava Jato ao PMDB", diz o especialista (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de novembro de 2016 às 13h34.

São Paulo - A perda do foro privilegiado e a possibilidade do ministro Geddel Vieira Lima acordar uma colaboração premiada são os impactos mais imediatos da decisão de deixar o governo, na avaliação do cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Rubens Glezer.

Em uma investigação contra Geddel, a Justiça de primeira instância seria responsável por aceitar e conduzir um processo penal.

"Eventualmente ele se torna alguém que pode fazer uma delação premiada e consolidar uma eventual guinada da Operação Lava Jato ao PMDB", diz o especialista.

Na mais recente crise política envolvendo um ministro de Temer, após Geddel ter sido acusado de pressionar o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero a interferir em um projeto de interesse próprio, o presidente da República pode sofrer ataques com a possibilidade de começar a ser investigado no Supremo Tribunal Federal ou até mesmo pela tentativa de parlamentares de oposição de abrirem um processo de impeachment.

Calero disse, em depoimento à Polícia Federal, que Temer o "enquadrou" para tentar buscar uma saída ao impasse envolvendo os dois ministros.

"Politicamente essa possibilidade (de impeachment) parece inviável, o sucesso delas depende da colaboração do presidente da Câmara e de votos de dois terços dos deputados, mas vale lembrar que há um tempo parecia improvável que Dilma saísse", diz.

O ato de um ministro gravar uma conversa com o presidente, se isso for confirmado, pode ser visto no meio político como "rotineiro", na opinião do especialista.

Para ele, os parlamentares estão focados muito mais em encampar projetos próprios, como a anistia ao caixa dois, e em troca oferecer o apoio às medidas de interesse do governo.

Glezer afirma que o presidente Temer pode ser atingido se houver mobilizações populares contra seu governo.

"Isso agora é mais complicado de acontecer porque com a queda do PT, perdeu-se na sociedade um locus de mobilização para oposição ao governo estabelecido."

O professor acredita que os fatos iniciais que vieram à tona com a crise envolvendo o ministro Geddel não tendem a interromper o andamento das propostas do teto de gastos no Senado e da reforma da Previdência, a ser encaminhada até o fim do ano.

"É difícil imaginar que tenha um impacto tão rápido assim, o grande fator que pode desestabilizar qualquer processo é mobilização popular", acredita.

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