Agência de notícias
Publicado em 6 de outubro de 2025 às 11h30.
Última atualização em 6 de outubro de 2025 às 11h46.
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta segunda-feira que a regulamentação da chamada "pejotização" é necessária para "assegurar transições justas e suaves" no mercado de trabalho. Para Gilmar, é necessário definir como aproveitar a inovação sem permitir "retrocessos".
A fala foi feita no início de uma audiência pública sobre o tema. Gilmar é relator de uma ação que discute a validade da pejotização, que ocorre quando há a contratação de um trabalhador autônomo ou pessoa jurídica para a prestação de serviços.
"A complexidade do tema exige uma compreensão de como a inovação pode ser incorporada sem retrocessos, mas também sem a ilusão de que a legislação possa deter o curso da história ou preservar relações que, na prática, já se reconfiguraram. Nossa tarefa é pensar em como assegurar transições justas e suaves, fomentando a economia e permitindo que a livre iniciativa e as novas formas de trabalho efetivamente promovam o desenvolvimento, tendo como pilar a dignidade da pessoa humana", declarou o ministro.
Em abril, Gilmar determinou a suspensão de todos os processos que envolvem a pejotização, até que o STF julgue o tema. A audiência pública serve como base para esse julgamento, que ainda não tem data para acontecer.
Nesta segunda, Gilmar explicou que a ação envolve três discussões:
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, participou da audiência e destacou a queda de receita decorrente da pejotização. Marinho considerou que há um "enfraquecimento" da proteção ao trabalhador.
"De 2020 a 2025, somando Previdência, Fundo de Garantia e Sistema S, deixou-se de arrecadar mais de R$ 106 bilhões. Nós estamos construindo um processo de enfraquecimento de estrutura de proteção ao trabalho".
O titular da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, também apresentou dados sobre a perda de recursos.
"Estimativas apontam que, entre 2022 e 2024, a pejotização provocou um déficit superior a R$ 60 bilhões na Previdência Social e perdas de mais de R$ 24 bilhões ao Fundo de Garantia. São valores bilionários, que deixam de irrigar políticas públicas".