Agência de notícias
Publicado em 20 de agosto de 2025 às 15h13.
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, chamou os líderes da base para uma reunião no Palácio do Planalto na tarde desta quarta-feira após governo sofrer derrota logo na instalação da CPI do INSS. O colegiado elegeu opositores a Lula para a presidência e a relatoria da comissão, os dois postos mais importantes.
O objetivo da conversa é analisar o que levou a derrota, que pegou Planalto de surpresa, e recalcular os próximos passos. Logo após a eleição do comando da CPI, governistas creditaram o resultado à ausência de parlamentares do MDB, de quem o governo contabilizava votos para que não houvesse a derrota.
— Isto está longe de ser uma tragédia para o governo, queremos investigação. Temos uma circunstância regimental. Os três primeiros suplentes são do PL, que ascenderam e fizeram a diferença. Não contávamos que o deputado Rafael Britto, do MDB, estaria fora do Brasil. Foi uma questão de regimento. Esta situação será contornada — disse o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AC).
A instalação da CPI do INSS ocorreu como uma reviravolta negativa para o governo. O senador Carlos Viana (Podemos-MG), de oposição, foi eleito com 17 votos, contra 13 dados a Omar Aziz (PSD-AM), que era considerado favorito e contava com o apoio de Lula e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). O presidente indicou um relator de oposição, que será o deputado Alfredo Gaspar (União-AL). O nome apoiado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), era o do deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO).
Enquanto a eleição do comando da CPI ocorria no Congresso, Gleisi estava no Palácio da Alvorada com o presidente Lula pela manhã, para outra agenda. Ao sair da residência oficial da Presidência da República e conversar sobre a derrota com o presidente, Gleisi retornou ao Palácio do Planalto e convocou os líderes da base.
A vitória de Viana refletiu uma articulação de última hora que garantiu vantagem de três votos à oposição. A comissão foi criada para apurar irregularidades em descontos indevidos sobre aposentadorias e pensões, um esquema que, segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), pode ter causado prejuízos superiores a R$ 6,4 bilhões.
— Quero agradecer cada um dos 17 senadores. Foi uma articulação dos últimos dias — agradeceu Viana.
Ainda nesta quarta-feira, está prevista a ida de Gleisi e do vice-presidente Geraldo Alckmin ao Congresso nacional para entrega do pacote de medidas do governo para compensar o tarifaço dos Estados Unidos a importação de produtos brasileiros.
Entre os pontos sensíveis para o governo estão as possíveis convocações do ministro da Previdência, Carlos Lupi, de seu sucessor Wolney Queiroz, do presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, e do ex-chefe do instituto Alessandro Stefanutto.
Parlamentares bolsonaristas também pressionam pela convocação de Frei Chico, irmão do presidente Lula, que tem ligação com o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). A entidade foi citada em relatório da CGU sobre possíveis fraudes, mas Frei Chico não é investigado, e o sindicato nega irregularidades.
A estratégia da base governista será associar as fraudes a gestões anteriores, sobretudo ao período do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Petistas como Paulo Pimenta (RS), Alencar Santana (SP), Rogério Carvalho (SE) e Fabiano Contarato (ES) integram a linha de frente do Planalto na comissão e prometem explorar essa narrativa.