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Gleisi Hoffmann reúne ministros para discutir estratégias contra projeto de anistia

Governo pretende usar aliados de partidos do Centrão para evitar que a proposta de anistia ganhe apoio consolidado no Congresso

Agência o Globo
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Publicado em 8 de setembro de 2025 às 07h57.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, marcou para a manhã de hoje uma reunião com ministros de partidos do Centrão no Palácio do Planalto para tratar de estratégias contra a aprovação de um projeto de lei de anistia a envolvidos nos atos golpistas.

A expectativa é que participem ministros de MDB, PP, União Brasil, PSD e Republicanos. Todos os ministros que têm relação próxima com as bancadas na Câmara e no Senado foram convidados, e o encontro também deve contar com a participação de ministros de partidos da esquerda, como o PT, PSB e PDT, além dos líderes do governo no Parlamento.

A Câmara ampliou nos últimos dias a pressão para o projeto, que pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e anular uma eventual condenação dele no caso da trama golpista.

As cúpulas nacionais de PP, União Brasil e Republicanos apoiam abertamente um texto que pode ajudar Bolsonaro, e suas bancadas na Câmara contam com apoio majoritário para fazer a iniciativa andar.

Por sua vez, no PSD, integrantes da cúpula do partido dizem que o cenário é de divisão, com apoio e rejeição à anistia em níveis similares dentro da bancada na Câmara. No MDB, apesar de integrantes da cúpula nacional sinalizarem contra, há apoios dentro das alas do partido no Sul e Centro-Oeste.

Há pressão do PL para que a anistia inclua a reversão da inelegibilidade de Bolsonaro, mas o pedido tem sofrido resistência em parte das siglas do Centrão, que preferem centrar esforços em perdoar a possível condenação na trama golpista.

Dentro desse cenário, o governo quer usar os ministros desses partidos para reduzir o apoio que a proposta possui hoje no Congresso. A ideia é cobrar os auxiliares, alguns deles deputados e senadores licenciados, para atuarem internamente dentro das bancadas e impedir que haja apoio consolidado que faça com que o texto seja pautado.

Integrantes do governo falam sob reserva que há um cenário consolidado nos partidos para o apoio à anistia, em parte devido à insatisfação com o governo. A avaliação é que o Palácio do Planalto precisa solucionar alguns entraves, como acelerar o ritmo de liberação de emendas, para apaziguar a pressão para aprovar o projeto demandado por bolsonaristas.

A reunião organizada por Gleisi tem como tema a discussão das pautas prioritárias do governo no Congresso para o segundo semestre, como o projeto que isenta quem ganha até R$ 5 mil do Imposto de Renda, a PEC da Segurança Pública e medidas provisórias prestes a perder validade. Apesar disso, a anistia deve ser o tema principal.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem dado sinais trocados sobre o assunto. Ele se reuniu na semana passada com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para tratar do tema. Tarcísio tem sido estimulado por partidos do Centrão a ser candidato a presidente em 2026 e usar o mote da anistia como forma de acenar a Bolsonaro e obter apoio para a disputa.

Pauta sem acordo

Na última terça-feira, Hugo Motta chegou a falar que o apoio para a anistia cresceu entre líderes do Congresso e, segundo relatos de deputados, declarou que inevitavelmente o assunto teria que ser discutido pela Câmara. Apesar disso, dois dias depois afirmou que não há acordo e decidiu esvaziar a pauta da Câmara para esta semana, mantendo apenas votações de temas de amplo consenso, inclusive com votação virtual.

Quatro dias após se reunir com Tarcísio, Motta também participou do desfile de 7 de Setembro ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando foram entoados gritos contrários à anistia.

A tendência é que o projeto da anistia só seja discutido na semana seguinte, após o julgamento da trama golpista, do qual Bolsonaro é alvo.

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