Brasil

Governadores do Sudeste e Sul pedem revogação de decreto de Lula que regula uso de força policial

Nota assinada por Tarcísio, Castro, Zema e Ratinho Júnior afirma que 'governo federal busca regular a atribuição das policias estaduais'

Luiz Inácio Lula da Silva.  (Charles Platiau/Reuters)

Luiz Inácio Lula da Silva. (Charles Platiau/Reuters)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 27 de dezembro de 2024 às 21h30.

Os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Cláudio Castro (PL-RJ), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Júnior (PSD-PR) pediram a revogação do decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o uso da força por policiais.

Em nota conjunta, os representantes da direita afirmam que a medida "beneficia a ação de facções e pune homens e mulheres que diariamente arriscam suas vidas em prol da sociedade". A medida é defendida por entidades e especialistas.

Publicado na última terça-feira, o texto do governo Lula prevê o uso da força e de armas de fogo apenas como último recurso, em caso de risco pessoal. O uso da força física também deve ser evitado. Para implementar essas medidas, os profissionais passarão por capacitação.

"Com o documento, o governo federal busca regular a atribuição das policias estaduais. A medida é arbitraria e uma tentativa, sem precedentes, de interferir na política de segurança dos Estados", diz o texto assinado pelos governadores, que pertencem ao Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud).

A nota do Cosud é assinada por quatro dos sete governadores pertencentes ao grupo. Os posicionamentos de Renato Casagrande (PSB-ES), Jorginho Mello (PL-SC) e Eduardo Leite (PSDB-RS) não constam na manifestação.

Apesar de as orientações do texto não serem obrigatórias, servirão como condição para o repasse de verbas do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), principal instrumento de financiamento da segurança pública no Brasil. Em 2025, serão repassados R$ 1,1 bilhão do fundo aos estados. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública, organização que reúne especialistas no tema, defendeu o texto da gestão Lula.

Em postagem na rede social X, Zema afirmou que o decreto "coloca os policiais em risco e tenta tirar dos estados o recurso dos fundos penitenciário e de segurança".

Antes do decreto, o principal impasse dos governadores com o governo na área se deu pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública.

“A segurança pública deve ser construída com base na colaboração, no respeito às diferenças regionais e no fortalecimento das capacidades locais, e não por meio de uma estrutura centralizada que limita a eficiência e amplifica a burocracia”, diz a Carta de Florianópolis, assinada por Jorginho Mello, Castro, Tarcísio, Zema, Casagrande e Ratinho Júnior.

No fim de outubro, Zema e Jorginho Mello recusaram convite do presidente Lula para participar de reunião que discutiu o tema. Em ofício no qual justificou sua ausência, Zema detalhou pontos em que o Cosud queria alterações.

O consórcio acredita que poderia ser possível o compartilhamento de informações da tornozeleira eletrônica sem autorização judicial, caso haja violação do uso. Os governadores do Sul e do Sudeste também sugerem que membros de organizações criminosas sejam incorporados na Lei de Crimes Hediondos, prolongando suas penas.

Leia a íntegra da nota do Cosud divulgada nesta sexta-feira:

"O decreto 12.341 publicado nesta semana pela União beneficia o crime organizado e, na prática, bloqueia a autonomia dos estados, num claro sinal de violação da Constituição brasileira. Com o documento, o governo federal busca regular a atribuição das policias estaduais.

A medida é arbitraria e uma tentativa, sem precedentes, de interferir na política de segurança dos Estados.

É urgente que o decreto seja revogado porque o seu conteúdo beneficia a ação de facções e pune homens e mulheres que diariamente arriscam suas vidas em prol da sociedade.

A segurança das famílias brasileiras não será garantida com decretos evasivos que limitam o poder das polícias, mas sim com investimento coordenado e o endurecimento das leis.

  • Romeu Zema
  • Governador de Minas Gerais
  • Ratinho Júnior
  • Governador do Paraná
  • Tarcísio de Freitas
  • Governador de São Paulo
  • Cláudio Castro
  • Governador do Rio de Janeiro"
Acompanhe tudo sobre:GovernadoresTarcísio Gomes de FreitasRomeu ZemaLuiz Inácio Lula da Silva

Mais de Brasil

Após ordem de Moraes, Anatel informa que operadoras bloquearam acesso ao Rumble no Brasil

Justiça Eleitoral condena Marçal por abuso de poder e o declara inelegível

Alexandre de Moraes determina suspensão do Rumble no Brasil

ViaMobilidade investirá R$ 1 bilhão nas linhas 8 e 9 para reduzir intervalos e reformar estações