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Governo do Peru chega a acordo para encerrar greve de moradores em Machu Picchu

Pelo acordo, o governo cedeu e antecipou o fim do contrato com a empresa Joinnus, responsável pelas vendas por canais digitais — a permissão inicialmente deveria durar até agosto

A venda digital de ingressos para a cidade sagrada inca através da plataforma privada começou no dia 20 de janeiro (Siempreverde22/Thinkstock)

A venda digital de ingressos para a cidade sagrada inca através da plataforma privada começou no dia 20 de janeiro (Siempreverde22/Thinkstock)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 19h59.

Última atualização em 31 de janeiro de 2024 às 20h24.

O governo do Peru selou um acordo com moradores da região da cidade histórica de Machu Picchu para encerrar uma série de protestos e greves que afetaram duramente as atividades turísticas locais. As queixas eram centradas na decisão do Ministério da Cultura de contratar um intermediário privado para gerenciar a venda online das entradas para a cidadela inca.

Pelo acordo, o governo cedeu e antecipou o fim do contrato com a empresa Joinnus, responsável pelas vendas por canais digitais — a permissão inicialmente deveria durar até agosto. Em entrevista ao jornal La República, o prefeito de Machu Picchu, Elvis La Torre, afirmou que as vendas de entradas serão feitas temporariamente pelo Ministério da Cultura e pelo governo de Cusco, ainda pelo sistema atual, e depois administradas pelas autoridades locais, em uma nova plataforma. Em troca, as lideranças locais suspenderam os bloqueios e greves.

"Tomamos a decisão para suspender a greve por tempo indeterminado. Estamos de acordo com a ata firmada pelo governo, e as atividades turísticas estão sendo normalizadas", disse à AFP o ex-prefeito de Machu Picchu, Darwin Baca.

Por que a indústria turística de Machu Picchu entrou em greve?

A venda digital de ingressos para a cidade sagrada inca através da plataforma privada começou no dia 20 de janeiro, e imediatamente foi atacada pela indústria local do turismo: para as lideranças dos protestos, esse seria o primeiro passo para a privatização sistemática de Machu Picchu. Cinco dias depois, coletivos locais convocaram uma greve geral, que fechou o comércio e interrompeu a linha férrea que leva a Machu Picchu.

"Somos contra a privatização sistemática de Machu Picchu. A população não concorda, esta empresa foi contratada de forma ilegal. As organizações pedem que o contrato com a empresa Joinnus seja anulado", disse Baca, no dia 25 de janeiro.

Segundo autoridades locais, cerca de 1,2 mil turistas peruanos e estrangeiros precisaram de ajuda para deixar a área no fim de semana — em entrevista ao O Globo, um turista que integrava um grupo de 17 brasileiros que ficaram presos por 13 horas na área afirmou que eles precisaram usar trilhas e caminhos de terra para retornar até a cidade de Cusco, por causa do bloqueio da linha de trem. Na terça-feira, o Itamaraty emitiu nota desaconselhando viagens à área.

"Nosso trem parou, e não sabíamos o que estava acontecendo. Falaram que era um protesto que estava iniciando por lá, e eles fecharam a passagem do trem. Ficamos mais de 1 hora [parados] até conseguirmos seguir em frente até Machu Picchu. O principal era a incerteza. Não sabíamos se nós conseguiríamos sair de lá. Tivemos de ficar [em Machu Picchu Pueblo] de um dia para o outro", disse ao O Globo o empresário paulista Cesar Sponchiado, no domingo.

Preservação

Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1981, o complexo arqueológico, localizado a 130 quilômetros da cidade de Cusco e a 2.438 metros de altitude, foi construído no século 15 por ordem do imperador inca Pachacutec (1438-1470). Cerca de 4,5 mil pessoas visitam todos os dias o local, e a paralisação teria custado, segundo cálculos de autoridades peruanas, 1 milhão de sóis (R$ 1,3 milhão) por dia para o setor turístico.

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