Alexandre Padilha: Ministro da Saúde teve visto cancelado pelo governo dos EUA anteriormente (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 18 de setembro de 2025 às 16h34.
Última atualização em 18 de setembro de 2025 às 16h59.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebeu na manhã desta quinta-feira o visto dos Estados Unidos para acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Nova York, de 20 a 24 deste mês. Existe a expectativa de o ministro participar da conferência internacional da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), além da Assembleia Geral da ONU, onde Lula fará o discurso de abertura.
Segundo interlocutores do governo brasileiro, Alexandre Padilha foi o último da comitiva a receber visto para entrar nos EUA. Na última terça-feira, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, recebeu a autorização. Seu ingresso nos EUA havia sido suspenso há algumas semanas pelo Departamento de Estado americano.
Padilha estava com o visto vencido deste 2024 e pediu a renovação no último dia 18 de agosto. Na terça-feira passada, ao ser perguntado por jornalistas sobre o que achava da demora para obter o documento que lhe permitiria entrar os EUA, o ministro afirmou não estar "nem aí".
— Esse negócio do visto é igual àquela música, Tô nem aí. Vocês estão mais preocupados com o visto do que eu. Eu não tô nem aí. Acho que só fica preocupado com o visto quem quer ir para os Estados Unidos. Eu não quero ir para os Estados Unidos. Só fica preocupado com o visto quem quer sair do Brasil, ou quem quer ir para lá fazer lobby de traição da pátria, como alguns estão fazendo. Não é meu interesse, tá certo? — disse, referindo-se ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
No mês passado, dias antes de o titular do Ministério da Saúde pedir a renovação do documento, a esposa e a filha de 10 anos de idade do ministro tiveram os vistos de entrada nos EUA cancelados pelo governo americano. Servidores públicos federais que participaram da implementação do programa Mais Médicos, criado em 2013, na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, também foram atingidos pela medida. Segundo a Casa Branca, médicos cubanos que trabalhavam no Brasil pelo programa eram alvos de exploração de mão de obra escrava.
Lula e sua comitiva embarcarão para Nova York no próximo domingo. No entanto, poucos dias antes da viagem, não se sabia que o governo dos EUA iria ou não liberar os vistos para os integrantes da delegação de Lula.
O cancelamento de vistos pelos EUA é uma resposta ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente dos EUA, Donald Trump, chegou a condicionar uma negociação comercial com o Brasil, para eliminar uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, ao arquivamento do processo contra o ex-presidente.
Bolsonaro foi condenado, na semana passada, a 27 anos de prisão. Com a decisão da Corte, o governo americano sinalizou que novas sanções contra autoridades brasileiras virão.
Até o momento, o principal alvo da Casa Branca é o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Além de ter o visto para entrar nos EUA cancelado, Moraes está proibido de realizar operações comerciais e financeiras envolvendo empresas americanas.