Agência de notícias
Publicado em 3 de setembro de 2025 às 22h53.
O governo federal empenhou, apenas nesta terça-feira, R$ 2,2 bilhões nas chamadas emendas Pix. O valor representa o primeiro lote de liberação desse tipo de recurso neste ano em meio às mudanças nas regras impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e também da pressão de deputados e senadores para que o dinheiro fosse destravado mais rapidamente.
No último dia 25, o GLOBO mostrou como a imposição de novas regras para as transferências especiais tinha paralisado a liberação de recursos em comparação com outros anos. Enquanto em anos anteriores os empenhos já eram iniciados em maio ou junho, neste ano eles só começaram a sair neste mês.
No ano passado, o ministro Flávio Dino ordenou a suspensão dos pagamentos, que só seriam liberados mediante algumas condições, como a apresentação de plano de trabalho com detalhes de como o recurso será usado e a abertura de uma conta específica pelo município para receber o dinheiro. Neste ano, o governo também está exigindo a apresentação do plano de trabalho para aprovar a liberação dos recursos.
Isso significou uma mudança importante em relação a como as emendas Pix funcionavam: na prática, o dinheiro ia para municípios e governadores sem um carimbo sobre a destinação dos recursos, ou seja, prefeitos e governadores poderiam decidir como usar o dinheiro sem depender de aval do governo federal.
Agora, não apenas a aplicação da verba precisa estar atrelada a um objeto previamente definido, mas também o plano de trabalho deve ser aprovado pelo ministério correspondente. Se a prefeitura for construir uma escola com o recurso, por exemplo, deve enviar os detalhes ao Ministério da Educação.
Os R$ 2,2 bilhões empenhados nessa terça-feira representam as emendas que já possuem um plano de trabalho aprovado nos respectivos ministérios. Ao todo, está prevista a liberação de R$ 7,3 bilhões até o final do ano. A dificuldade para destravar os recursos faltantes é o que vem motivando a insatisfação de congressistas.
No ano passado, emendas Pix alimentaram bases eleitorais, irrigaram festas, micaretas e até corridas de automóvel, como mostrou auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) entregue ao STF em novembro. O resultado do segundo turno das eleições municipais confirmou o impacto. Dos 112 municípios que mais receberam recursos desse tipo e onde o prefeito tentou a reeleição, 105 se sagraram vitoriosos, um índice de 93,7%.