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Governo Lula direciona propaganda nas redes para empreendedores e autônomos

Executivo tem histórico de dificuldade entre trabalhadores informais, situação que piorou com crise envolvendo fiscalização de transações

Estratégia digital: Governo Lula aposta em anúncios para atrair empreendedores e autônomos (Ricardo Stuckert/Agência Brasil)

Estratégia digital: Governo Lula aposta em anúncios para atrair empreendedores e autônomos (Ricardo Stuckert/Agência Brasil)

Agência o Globo
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Publicado em 24 de janeiro de 2025 às 08h41.

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O governo federal está promovendo, nas últimas semanas, uma ampla campanha digital para alcançar empreendedores e trabalhadores autônomos. A ação, que inclui anúncios nas redes sociais, busca fortalecer a comunicação com um segmento que é prioridade para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu terceiro mandato. Com a crise envolvendo o Pix e o aumento da desconfiança em relação ao governo, o esforço publicitário tem ganhado intensidade.

A chegada de Sidônio Palmeira à Secretaria de Comunicação Social (Secom) impulsionou a estratégia digital do governo. Nos últimos sete dias, o Executivo gastou R$ 278 mil em 23 anúncios no Instagram e no Facebook, plataformas da Meta, segundo a biblioteca de anúncios da empresa. Parte dessa verba foi destinada a divulgar o Programa Acredita, que oferece renegociação de dívidas e crédito para pequenos empreendedores.
A Meta permite que os anunciantes segmentem o público-alvo com base em palavras-chave e interesses. Na última semana, 17 peças foram direcionadas para os termos “trabalhador autônomo” e “freelancer”. Outros três anúncios buscaram atingir usuários interessados em “pequenas e médias empresas”, “micro-empresária” e “comerciantes”.

Quando analisados os últimos 30 dias, o número de anúncios para o primeiro grupo chega a 47, enquanto o segundo soma 26 peças. Nesse período, o governo gastou R$ 1,5 milhão em 63 anúncios. Os dados apontam que o movimento é recente, já que os números não se alteram ao se considerar os últimos três meses.

Revogação da norma da Receita Federal

A repercussão negativa envolvendo a norma da Receita Federal, que monitorava movimentações financeiras, também impactou a estratégia de comunicação. Após críticas e a disseminação de notícias falsas, como a de que haveria cobrança de imposto sobre transações via Pix, o governo revogou a medida no dia 15.
Os anúncios impulsionados destacam mensagens como “o sonho de empreender se tornou realidade” e “acreditar é o primeiro passo para realizar o sonho de empreender”. As peças divulgam tanto ações do governo federal quanto medidas do ProUni, geração de empregos e obras públicas.

Paralelamente, o Partido dos Trabalhadores (PT) também está tentando reduzir os danos da repercussão negativa. O partido investiu R$ 10 mil em um vídeo da deputada federal e presidente do partido, Gleisi Hoffmann, no qual ela defende a revogação da norma e afirma que as notícias falsas prejudicaram a economia. No vídeo, Gleisi ainda promove a medida provisória (MP) que proíbe a taxação ou cobrança adicional em transações via Pix.

Desafios com trabalhadores informais

Desde o início de seu mandato, o presidente Lula reconheceu as dificuldades em dialogar com trabalhadores informais e autônomos. Durante a primeira reunião ministerial do ano, ele declarou que o governo precisa “aprender a trabalhar” com as novas características do mercado de trabalho.

“É importante que a gente compreenda que o povo com que estamos trabalhando hoje não é o povo dos anos 1980. Não é o povo que queria apenas ter emprego numa fábrica com carteira assinada, é um povo que está virando empreendedor e gosta de ser empreendedor. E nós precisamos aprender a trabalhar com essa nova característica e formação do povo brasileiro”, afirmou Lula.

Um dos principais desafios tem sido a relação com trabalhadores por aplicativo. Em março do ano passado, o governo enviou ao Congresso um projeto de lei para regulamentar esses serviços. No entanto, o texto desagrada a categoria e permanece parado no Legislativo. Além disso, o projeto não incluiu entregadores devido à falta de consenso com as empresas.

Avaliação do governo por diferentes grupos

Pesquisas recentes mostram que o governo enfrenta maior rejeição entre quem ganha entre dois e cinco salários mínimos. De acordo com o Ipec, divulgado em dezembro, 40% desse grupo avaliam a gestão como ruim ou péssima. Entre os que recebem mais de cinco salários mínimos, o número sobe para 44%. Já entre os que ganham até um salário mínimo, a reprovação cai para 25%.
No total da população, a reprovação do governo está em 24%, segundo o levantamento.

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