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Governo Lula reage à ameaça de secretário de Trump após condenação de Bolsonaro: 'Não intimidarão'

Em uma publicação, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, indicou que novas sanções serão adotadas por causa da situação de Jair Bolsonaro

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 11 de setembro de 2025 às 21h20.

Última atualização em 11 de setembro de 2025 às 22h02.

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O Ministério de Relações Exteriores reagiu às declarações do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, que anunciou a possibilidade de novas sanções contra o Brasil em razão da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado pela Primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em nota nas redes sociais, o Itamaraty afirmou que a manifestação de Rubio representa um ataque à autoridade brasileira e que não vai impactar o Estado Democrático de Direito.

"Ameaças como a feita hoje pelo Secretário de Estado americano, Marco Rubio, em manifestação que ataca autoridade brasileira e ignora os fatos e as contundentes provas dos autos, não intimidarão a nossa democracia", escreveu o ministério.

E acrescentou: "Continuaremos a defender a soberania do país de agressões e tentativas de interferência, venham de onde vierem".

A condenação de Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado nesta quinta-feira, 11, a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado em 2022 pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro se tornou o primeiro ex-presidente da República a ser condenado por tentativa de golpe de Estado.

Após o resultado do julgamento, o Itamaraty declarou que a decisão do Supremo mostra que a democracia reagiu à tentativa de golpe de Estado.

"O Poder Judiciário brasileiro julgou, com a independência que lhe assegura a Constituição de 1988, os primeiros acusados pela frustrada tentativa de golpe de Estado, que tiveram amplo direito de defesa. As instituições democráticas brasileiras deram sua resposta ao golpismo".

Ataque do governo Trump

Nesta quinta-feira, Marco Rubio declarou que os Estados Unidos vão "responder adequadamente" ao que ele chamou de "caça às bruxas", após o STF condenar Jair Bolsonaro e mais sete aliados no julgamento da trama golpista.

Em uma publicação nas redes sociais, o secretário de Estado acusou o ministro Alexandre de Moraes de ser um "violador de direitos humanos".

"As perseguições políticas por parte do violador de direitos humanos Alexandre de Moraes continuam, uma vez que ele e outros membros do Supremo Tribunal Federal do Brasil decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os Estados Unidos responderão adequadamente a esta caça às bruxas", escreveu.

Antes de Rubio, o presidente americano, Donald Trump, havia criticado o resultado do julgamento e lamentou a condenação de Bolsonaro.

"Eu achava que ele era um bom presidente do Brasil, e é muito surpreendente que isso tenha acontecido. É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram", disse Trump aos repórteres. "Ele era um bom homem".

Desde o anúncio de uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, feito em 9 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, condiciona qualquer negociação comercial com o Brasil à situação de Jair Bolsonaro na Justiça.

Bolsonaro e seus aliados foram condenados pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. A análise da ação penal deve ser concluída ainda nesta semana.

O que acontece agora após condenação e definição das penas? Defesas podem recorrer?

Segundo juristas ouvidos pela EXAME, a partir de agora, as defesas podem utilizar procedimentos previstos no Código de Processo Penal para tentar reverter a decisão até que processo transite em julgado.

As defesas podem pedir embargos de declaração e embargos infringentes (recursos), além de pedir a revisão criminal.

Nos embargos de declaração, as defesas podem solicitar esclarecimentos sobre pontos contraditórios no julgamento dos condenados.

Esse recurso não tem o objetivo de modificar o julgamento. Os réus que foram condenados não serão absolvidos com a análise desse instrumento. Mas, com a solicitação, o trânsito em julgado será postergado até a análise de todos os questionamentos.

Já os embargos infringentes são utilizados quando há um voto divergente no julgamento.

Na ação relacionada à trama do golpe de Estado, apenas o ministro Luiz Fux votou de maneira diferente do relator, o ministro Alexandre de Moraes.

Para que as defesas pudessem solicitar um novo julgamento pelo Plenário, por exemplo, o voto divergente de Fux precisaria ser acompanhado, o que não aconteceu ao final do julgamento.

O Código Penal ainda prevê o pedido de revisão criminal, utilizado quando a defesa considera que houve erro do Tribunal, especialmente em casos de provas novas ou de clara e manifesta injustiça contra os condenados.

Todos os pedidos serão julgados pelo Tribunal.

Após o trânsito em julgado, momento em que se esgotam todas as possibilidades de recurso, inicia-se a execução das penas, quando serão expedidos os mandados de prisão aos condenados.

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