Brasil

Governo Trump pressionou Brasil a rejeitar vacina russa Sputnik V

O trabalho para que o Brasil rejeitasse a vacina russa contra covid-19 é mencionado em relatório do Departamento de Saúde dos EUA no tópico de "combate a influência maligna nas Américas"

OCDE: o grupo reúne as 36 economias mais desenvolvidas do mundo. (Kevin Lamarque/Reuters)

OCDE: o grupo reúne as 36 economias mais desenvolvidas do mundo. (Kevin Lamarque/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de março de 2021 às 08h24.

O governo de Donald Trump pressionou o Brasil a rejeitar a Sputnik V, a vacina russa contra covid-19. Em relatório do Departamento de Saúde dos EUA sobre as atividades de 2020, os americanos afirmam expressamente que o escritório de assuntos globais da pasta (OGA, na sigla em inglês) "trabalhou para fortalecer os laços diplomáticos e oferecer serviços técnicos e assistência humanitária para dissuadir países da região de aceitar ajuda" de Cuba, Venezuela e Rússia. Os países são classificados no documento como "Estados mal intencionados".

O Brasil é citado como um exemplo desses esforços. "Exemplos incluem o uso do gabinete do adido de saúde do OGA para persuadir o Brasil a rejeitar a vacina russa contra covid-19", diz o texto. O relatório do Departamento de Saúde foi publicado em 17 de janeiro, três dias antes do fim do mandato de Donald Trump.

O caso foi publicado inicialmente pelo site Poder360, após o perfil oficial da Sputnik V no Twitter chamar a atenção para o trecho do relatório, com uma publicação em português. "O Departamento de Saúde dos Estados Unidos confirmou publicamente que pressionou o Brasil contra a Sputnik V. Os países devem trabalhar juntos para salvar vidas. Os esforços para minar as vacinas são antiéticos e custam vidas", afirmava a mensagem da conta da Sputnik V na rede social.

O trabalho para que o Brasil rejeitasse a vacina é mencionado no tópico em que a pasta informa o que faz para "combater a influência maligna nas Américas". "O OGA usou relações diplomáticas nas Américas para mitigar os esforços de Estados, incluindo Cuba, Venezuela e Rússia, que estão trabalhando para ampliar a influência na região em detrimento da segurança dos EUA", diz o relatório.

Na última sexta-feira, 12, o Ministério da Saúde brasileiro assinou contrato para compra de 10 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Rússia, que tem eficácia de 91,6%, segundo dados publicados na revista científica The Lancet. A movimentação do governo federal aconteceu após governadores do Nordeste se mobilizarem para comprar 39 milhões de doses do imunizante russo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Governo BolsonaroPandemiaRússiaVacinas

Mais de Brasil

Defesa de Collor reitera pedido por prisão domiciliar com atestado de Parkinson e transtorno bipolar

Gilmar Mendes retira pedido e julgamento de Collor segue no plenário virtual

Bolsonaro segue na UTI, 'sem febre ou alterações da pressão', diz boletim médico

Desaceleração no fim de 2024 faz Brasil cair seis posições em ranking global da produção industrial