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Guarapiranga e Cantareira quase igualam captação

Uma represa que é sete vezes menor do que todo o Sistema Cantareira está produzindo quase a mesma quantidade de água que o maior manancial


	Vista da Represa de Guarapiranga: a Guarapiranga fornece 15 mil litros por segundo para abastecer 5,2 milhões de habitantes
 (Salete Maria do Nascimento/Wikimedia Commons)

Vista da Represa de Guarapiranga: a Guarapiranga fornece 15 mil litros por segundo para abastecer 5,2 milhões de habitantes (Salete Maria do Nascimento/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2014 às 10h30.

São Paulo - Uma represa que é sete vezes menor do que todo o Sistema Cantareira está produzindo quase a mesma quantidade de água que o maior manancial do Estado hoje.

A Guarapiranga fornece 15 mil litros por segundo para abastecer 5,2 milhões de habitantes, enquanto o reservatório em crise de estiagem tem cedido 16,1 mil litros para atender 6,5 milhões de pessoas só na Grande São Paulo.

Há um ano, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) retirava 31 mil litros por segundo dos principais reservatórios do Cantareira.

Por causa da seca no manancial, a pior em 84 anos, a captação caiu 48%. Parte dessa redução foi possível pelo remanejamento de água do Alto Tietê e da Guarapiranga para bairros da capital que antes eram atendidos pelo manancial principal.

No início do mês, a Sabesp aumentou a produção de água da represa localizada na zona sul de São Paulo de 14 mil litros por segundo para 15 mil litros para diminuir ainda mais a dependência do Cantareira.

Cerca de 20% desse volume têm socorrido 1,3 milhão de pessoas em bairros como Aclimação, Alto de Pinheiros, Brooklin, Itaim-Bibi, Saúde e Vila Mariana, nas zonas oeste e sul da capital.

O plano da companhia é levar a Guarapiranga a 16 mil litros por segundo até setembro de 2015, quando o Cantareira já pode ter entrado em colapso, caso o volume de entrada de água continue quase 80% abaixo da média.

"Daqui a pouco, a Guarapiranga passa o Cantareira", disse o governador Geraldo Alckmin (PSDB), no dia 6 deste mês.

No entanto, a Guarapiranga, que era o principal manancial da Grande São Paulo até a construção do Cantareira, na década de 1970, tem capacidade para 171 bilhões de litros, enquanto o maior sistema paulista chega a 1,2 trilhão de litros, somando as duas cotas do volume morto.

Ainda hoje, por exemplo, mesmo com a crise aguda, o Cantareira tem mais água.

Crise

Apesar de especialistas considerarem ser uma alternativa viável diante da estiagem, o uso excessivo da água da Guarapiranga também pode colocar o manancial em crise.

"Tirar água de outros reservatórios durante o período seco pode causar o esvaziamento deles. Houve uma superexploração do Cantareira que ajudou que ele ficasse seco.

Se isso for feito na Guarapiranga, vai acontecer o mesmo", alertou Antonio Carlos Zuffo, professor do Departamento de Hidrologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O especialista disse que a represa não produz os 15 mil litros por segundo sozinha. Hoje, o manancial tira cerca de 2,2 mil litros de água por segundo do braço Taquacetuba, da Billings.

Além disso, a chuva dos últimos dias tem ajudado a aumentar o nível da represa, diferentemente do que acontece no Cantareira e no Alto Tietê.

Ontem, porém, o sistema caiu 0,1 ponto porcentual, passando de 36% para 35,9%, interrompendo seis dias de ascensão.

Segundo Rubem La Laina Porto, engenheiro e professor de Hidrologia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), a ajuda da Guarapiranga é "essencial". "A ajuda pode ser mais importante no futuro", afirmou.

Ainda segundo ele, a estratégia do governo do Estado é diminuir ainda mais a dependência do maior sistema.

Segurança

Em nota, a Sabesp disse que suas projeções apontam que as condições atuais da Guarapiranga são mais favoráveis quando comparadas ao Cantareira.

"A base do Sistema Integrado Metropolitano da companhia é promover e garantir o abastecimento, utilizando-se do sistema com maior poder de suporte no momento, mantendo o equilíbrio entre eles. Para isso, a Sabesp os monitora e avalia todos os cenários, para garantir a segurança da retirada." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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