Brasil

Haddad pede que governo Bolsonaro não prorrogue desoneração de combustíveis

Futuro ministro defende que decisão sobre as alíquotas seja tomada depois que Lula assumir a Presidência

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou hoje (19) o nome de Anelize Lenzi para chefiar a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) a partir de 2023 (José Cruz/Agência Brasil)

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou hoje (19) o nome de Anelize Lenzi para chefiar a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) a partir de 2023 (José Cruz/Agência Brasil)

AA

Alessandra Azevedo

Publicado em 27 de dezembro de 2022 às 18h52.

Última atualização em 27 de dezembro de 2022 às 21h59.

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pediu ao atual governo que não amplie o prazo de validade da desoneração dos impostos federais sobre combustíveis. As alíquotas do PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre gasolina, diesel, álcool e gás de cozinha estão zeradas desde junho deste ano, para conter o aumento nos preços.

A desoneração vale até 31 de dezembro de 2022, mas o governo atual pode ampliar a validade por meio de uma medida provisória (MP). Haddad é contra essa prorrogação e já conversou com a equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre o assunto.

"O que eu pedi foi genérico: [que o governo atual] se abstenha de tomar medidas que impactem o futuro governo, para que tenhamos tempo necessário para avaliar", disse Haddad, ao sair do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede da equipe de transição, nesta terça-feira, 27.

O futuro ministro disse que conversou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, por telefone e que a resposta foi positiva. "Respondeu afirmativamente, que nesta semana ia recomendar à equipe que não tomasse nenhuma medida que impactasse o futuro", afirmou Haddad.

Se o próximo governo mantiver a desoneração dos tributos sobre combustíveis, deixará de arrecadar R$ 52,9 bilhões em 2023, pelos cálculos do Ministério da Economia. A decisão deve ser tomada depois que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumir a Presidência.

"Vamos aguardar a nomeação do presidente da Petrobras. Temos expectativa em relação a muitas variáveis que impactam essa decisão. Trajetória do dólar, trajetória do preço internacional do petróleo, uma série de coisas que vão acontecer. Então, para a gente não tomar nenhuma decisão açodada, o governo atual se abstém e a gente, com calma, avalia", disse Haddad.

A equipe do futuro ministro diz que conta com a colaboração do governo atual — ou seja, que não prorrogue a desoneração, nem por mais um mês, como estava sendo estudado. Caso não seja publicada nenhuma MP, os impostos voltarão a ser cobrados normalmente a partir de 1º de janeiro de 2023.

O próximo governo pode propor novas desonerações a qualquer momento. Ao enviar a proposta de Orçamento de 2023, em agosto, o presidente Jair Bolsonaro incluiu a previsão de desonerar impostos sobre combustíveis, mas a medida dependeria da aprovação de MP ou projeto de lei no Congresso.

LEIA TAMBÉM:

Acompanhe tudo sobre:CombustíveisFernando HaddadGoverno LulaImpostosLuiz Inácio Lula da SilvaPIS/Pasep

Mais de Brasil

PGR defende que Collor vá para prisão domiciliar

Dino suspende pagamento de emendas parlamentares de saúde sem conta bancária específica

Oposição formaliza pedido de CPI do INSS com 184 assinaturas e aumenta pressão pela saída de Lupi