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Indústria é o setor mais penalizado pela política dos juros altos, aponta CNI

Alta da Selic e aumento das importações reduzem o ritmo da produção e limitam a contribuição do setor industrial para o PIB de 2025

No documento, a CNI destaca que, sem o desempenho positivo da indústria extrativa, o resultado do setor industrial seria negativo (Kerkez/Getty Images)

No documento, a CNI destaca que, sem o desempenho positivo da indústria extrativa, o resultado do setor industrial seria negativo (Kerkez/Getty Images)

Publicado em 17 de outubro de 2025 às 07h10.

A indústria brasileira é o setor mais afetado pela política monetária contracionista adotada pelo Banco Central em 2025, segundo o Informe Conjuntural do 3º trimestre divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A taxa básica de juros mantida em 15% ao ano tem encarecido o crédito, restringido investimentos e provocado queda na produção de segmentos sensíveis ao financiamento, como a indústria de transformação e a construção civil.

De acordo com o relatório, o PIB da indústria de transformação deve crescer apenas 0,7% neste ano, menos da metade da estimativa anterior. A construção civil também perdeu força e deve avançar 1,9%, ante a projeção de 2,2%, diante da redução nas vendas de materiais, menor produção de insumos e queda da confiança empresarial.

No documento, a CNI destaca que, sem o desempenho positivo da indústria extrativa, o resultado do setor industrial seria negativo.

Crescimento com menos indústria

Apesar do cenário desfavorável, a CNI manteve a projeção de crescimento de 2,3% para o PIB de 2025, o menor avanço em cinco anos. O resultado, no entanto, deve vir de forma desequilibrada: o peso da indústria diminui, enquanto serviços, agropecuária e indústria extrativa ganham participação.

A indústria extrativa, menos sensível à política monetária, é a exceção dentro do setor e deve registrar crescimento de 6,2% em razão do aumento da produção de petróleo. Já a agropecuária deve crescer 8,3%, impulsionada pela safra recorde, e o setor de serviços deve avançar 2,0%, sustentado pelo mercado de trabalho aquecido.

Juros altos travam crédito e investimentos

A manutenção da Selic em 15% ao ano — o maior patamar desde 2006 — e o aumento dos juros cobrados por bancos têm desacelerado a concessão de crédito. As taxas médias chegaram a 21,7% ao ano para empresas e 36,4% para consumidores.

Antes da elevação da taxa básica, o crédito ajudava a sustentar o consumo e o investimento produtivo. Agora, com juros reais estimados em 10,3% ao ano, a política monetária tem efeito direto sobre a desaceleração da economia.

A CNI projeta que o crescimento real das concessões de crédito será de 5,5% em 2025, quase metade do ritmo observado em 2024, que foi de 10,7%. Essa redução, segundo o relatório, reflete o encarecimento do crédito, o aumento da inadimplência e o menor apetite das empresas para investir.

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