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Brasil investirá R$ 278 bilhões em infraestrutura em 2025 — metade do 'número mágico' necessário

Estudo aponta que o Brasil precisa investir pelo menos 4% do Produto Interno Bruto (PIB) para superar os gargalos de infraestrutura e impulsionar o desenvolvimento do país.

Obra no Distrito Federal: o Brasil precisa acelerar os investimentos em infraestrutura e tem oportunidades em parcerias público-privadas  (Dado Galdieri/Bloomberg//Getty Images)

Obra no Distrito Federal: o Brasil precisa acelerar os investimentos em infraestrutura e tem oportunidades em parcerias público-privadas (Dado Galdieri/Bloomberg//Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 21 de junho de 2025 às 08h00.

O Brasil tem avançado no investimento de infraestrutura, principalmente privado, em meio a dificuldade fiscal do governo federal e de estados. O total, porém, continua abaixo do número mágico de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), valor necessário para superar os gargalos de infraestrutura e impulsionar o desenvolvimento do país.

Segundo um estudo inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI), encomendado à Inter B Consultoria, o Brasil investirá este ano R$ 277,9 bilhões em infraestrutura, o equivalente à cerca de 2,21% do PIB.

Desses recursos, o maior montante será destinado ao setor de transportes, com cerca de R$ 89,9 bilhões, um aumento de 28,43% em relação ao ano passado. Dentro desse total, os investimentos em rodovias são os mais significativos, com R$ 46,4 bilhões, seguidos por ferrovias, com R$ 20 bilhões, e mobilidade urbana, com R$ 12,1 bilhões.

Outro setor com aumento de investimentos é o de saneamento, que terá R$ 46 bilhões, um crescimento de 51,32% em relação a 2024. Com a necessidade de avanços no marco do saneamento básico, governos estão priorizando investimentos em coleta e tratamento de esgoto, além de realizar Parcerias Público-Privadas (PPPs) para atrair mais recursos.

Somados os investimentos públicos e privados, o Brasil aplicou 2,27% do PIB em infraestrutura em 2024, o que representa uma alta de 0,24 ponto percentual em comparação com o início do quadriênio 2021-2024.

Em 2024, o total investido em infraestrutura foi de R$ 266,8 bilhões. Os maiores aportes foram no setor de energia elétrica (R$ 112,8 bilhões), transportes (R$ 84,6 bilhões), saneamento básico (R$ 41,1 bilhões) e telecomunicações (R$ 28,3 bilhões).

O estudo também destaca que o Brasil é um destino de alto potencial para investimentos em infraestrutura, devido às suas dimensões continentais e uma economia robusta, especialmente no setor agroindustrial. Além disso, o país tem se tornado cada vez mais relevante no campo das mudanças climáticas e na transição energética, com grande potencial de descarbonização por meio do uso de energias renováveis.

Além das projeções para este ano, a expectativa para os próximos anos é de um aumento contínuo dos investimentos em infraestrutura. De acordo com levantamento da EXAME, o Brasil terá mais de um leilão a cada quatro dias, somando mais de 100 certames no período.

O avanço do novo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), que promete investir quase R$ 600 milhões até 2026, também poderá ser outro indicativo de recursos. Até dezembro de 2024, o governo já executou R$ 711 bilhões em investimentos, mas teve apenas 16,6% das obras e projetos concluídos. 

Como dobrar investimentos?

O estudo aponta várias soluções para o Brasil solucionar o déficit no setor de infraestrutura. Oito pilares foram identificados como essenciais para a modernização da infraestrutura no país, visando melhorar o bem-estar das famílias, aumentar a competitividade das empresas e reduzir a desigualdade social:

  1. Tornar o investimento em infraestrutura uma política de Estado e garantir sua melhor governança.
  2. Ampliar de forma responsável (respeitando as restrições fiscais) e com racionalidade econômica os investimentos públicos, direcionando-os para projetos de maior retorno para a sociedade.
  3. Assegurar que o planejamento de governo seja rigoroso nos critérios de escolha de investimentos, públicos e PPPs, incluindo uma análise do custo-benefício dos projetos e cálculo da taxa social de retorno.
  4. Garantir maior segurança jurídica para os investimentos privados, com clareza, transparência, estabilidade e obediência às regras e sua aplicação.
  5. Aprimorar a regulação do setor de infraestrutura, reforçando o papel das agências reguladoras, sua autonomia técnica e administrativa, protegendo-as de interferência política.
  6. Ampliar a participação dos mercados de capitais no financiamento de projetos de infraestrutura.
  7. Fortalecer o papel do BNDES como estruturador de projetos sustentáveis de infraestrutura, assegurando maior resiliência frente às mudanças climáticas.
  8. Apoiar a expansão gradual dos investimentos em infraestrutura até que seja atingido o patamar de ao menos 4% do PIB.
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